27.7.01

The Land of the Free... Huh!? Get lost!


Sábado fui pra praia com Lolita, como ela não tava na disposição de pular o muro caminhamos bajo el sol hasta o parking que dá acesso a praia. Escolhemos um lugar mais ou menos afastado daquelas gordas de fralda (elas chamas aquilo de biquini?) e foi só eu terminar de passar o protetor nas costas dela pra nublar. Quando entramos na água começou a chover e todas as familias começaram a embalar seus picknicks e rumar para seu carros grandes e poluentes e dar o fora, como se alguem na praia tinha de ficar preucupado em se molhar. Nós achamos o máximo, agora a praia era nossa, e quem já nadou na chuva sabe como é bom. Foi quando apareceu um baywatch num bugre e alto-falante vermelho pra estragar a brincadeira.

"...you should leave the beach regarding to the blah blah bla policy..."

Foi o que eu consegui entender, a voz do puto saia do alto-falante feito a voz da professora do charlie brown.

- but Why!?
"...look at the weather!!! It is risky" - disse o yanke pau mandado estraga prazer.

O que preucupa esses filhos da puta!? A possivel perda de um contribuente consumista ou o transtorno que seria levar o corpo de bombeiros pra praia para resgatar o corpo!? Mas que paizínho de merda é este onde não se tem nem mais o direito de morrer eletrecutado na praia!? Ah! Por favor...

Cada vez o rio de janeiro fica melhor, cada vez sampa fica mais patética... O mais legal de passar uma temporada os EUA é que se aprende a dar muito mais valor ao terceiro mundo, apesar de todos os perrengues, é aquela velha relação de amor e ódio. land of the free but with too many rules!

Em South Beach, depois das dez as Liquor Stores fecham as portas e as grocerys e as lojas de conveniencia são proibidas de vender bebidas alcoolicas. Uma maneira de prevenir que jovens retardados se embriagem ou uma maneira de enriquecer os Clubs!? Um six-pack num supermercado custa 5 doletas. Uma cervejinha num club custa 4 doletas and up...

E é o país com mais alcoolatras, mais junkies, mais estrupos e mais presos do mundo... Quando o Clinton bombaredeou o Iraque nas vesperas do depoimento da Levinsky ele recuperou populariedade perdida. Vai entender!

Sábado a noite fomos encontrar com a Tabata pra ela nos levar na LOUD! daqui, mas a gente se atrasou e eles já tinham partido. Resolvemos ir no cinema, pegamos a última sessão, antes de entrar na sala fui comprar alguma larica e soda, afinal estavamos num multiplex americano right!?

Era a última sessão e a lanchonete do multiplex tava fechando, e dentre as pessoas que formavam a fila única encontravam-se dois casais bem bizarros que pareciam saidos de um filme de aérobica dos anos oitenta. Os caras eram baixinhos, tinham ombros largos e peitorais inchados e peludos, um tinha o cabelo arrepiado e o outro um mullet, aposto como eles devem trabalhar naqueles anuncios de TV em que um bando de sarado tenta vender aquelas porcarias de plástico que supostamente ajudam gordas chocolatras a fazer abdominais. E como tem gente gorda neste paizínho.
As minas eram menores ainda, eram saradas, usavam roupinhas de malhação, não tinham bunda mas em compensação dois airbags na frente. Uma delas perguntou pro pessoal da lanchonete se ainda tinham nachos, quando ouviu o "sorry we're closing"de um dos negões que trampavam lá a mina revoltou-se.

- What's a Movie Theater in America without Nachos!?????

Se eu fosse um cara religioso eu juraria que ouvi um "Hooray" coletivo, enquanto a peituda chamava o gerente, que movido por aquela história de que o cliente tem sempre a razão entrou na lanchonete e reabriu a cozinha e os caixas na base do esporro. Eu pude ver o ódio nos olhos dos negros e latinos por trás dos balcõo e decidi não pedir o nachos, uma vez que eu não sabia o que poderia vir no molho a esta altura.

Quando o gerente apareceu da cozinha com os chips e as pipocas a fila se desfez e todo mundo foi pro balcão com notas na mão tal como numa arena chinesa. Eu que tava na frente fui esmagado por uma multidão de yankes repulsivamente gordos, um me empurrou, colocou o braço gordo sobre meu ombro e fez o pedido.

- Hey! You don't need to push! Filho da Puta!!!

O Latino do outro lado do caixa sorriu ao reconhecer a última palavra e ignorando o gordo foi me atender, deixando o cara ainda mais puto.

- One large coke hermano! Que es que les pasa a estes gringos?
- Yo no se. Pero que se jodan todos!

E fui assistir o filme com minha coca, feliz dos estragos que nós ainda vamos fazer nesta sociedade hipocrita e mal-educada. Porra! No Brasil o povo é burro por falta de opção, um moleque pega num AR-15 e grita "É o comando" por falta de opção. Agora aqui todo mundo tem direito a um ensino público decente e gratuito. Existem estados em que crianças pegas matando aula podem ir em cana. E mesmo assim dos paises em que estive é o que vi a classe média mais burra e arrogante do mundo, é onde eu vi os jovens com mais necessidade de posar de mau. Puta que pariu, a Lolita me falou hoje que o chefe no seu trabalho não sabia o que é a Amazônia, e o cara é dono de uma agência de turismo.

Mesmo assim é um país onde se trabalha por salários decentes e com o dinheiro (e esforço) suficiente você consegue o que quizer. Acabei de ler "American Gods" e tou louco pra re-encontrar o Gaiman, uma vez que agora tenho outras 768 perguntas pra lhe fazer. Se os meus dois dias com o mestre esclareceram muita coisa sobre o Sandman, este fantástico livro me encheu de novas questões. É do caralho porque Gaiman, como Brit vivendo nos estados unidos há quase uma década pode desvendar esta terra sem deuses de maneira imparcial e maravilhosa. A tridimensionalidade dos personagens e cenários, o perrengue dos velhos deuses para se adaptar no presente e a arrogância dos novos costurados em quase 500 páginas, muitos estados, estradas e mitos tão reais quanto ficionais. Mitos dos siberianos e seu transe induzido pela urina alucinógena da sacerdotiza, mitos dos nativos e seus passásaros trovões, da ignorância dos Europeus e seus Leprechauns, Trolls, Kobolds e outras criaturas. Da velha disputa de Odin e Loki o trapaçeiro... Me pergunto se o esquilo que ajudou Shadow na arvore era o ajudante de Ganesha. Ah Mr. Gaiman, será que a gente se esbarra denovo? I Hope so...

Assisti "The Score" , "Lista de Espera", "A.I." e "Startup.com" (este ultimo em NY), quando tiver paciência publico as resenhas. Cinema é a maior diversão!

Fingir-se de estudante, comprar um social security falso e ficar preso no país. É alto o custo de ser ilegal, mas para aqueles que já se decepcionaram de vez com seu país de terceiro mundo não é nada. O personagem de "Lista de Espera" está certo de que seu país só pode se livrar da injustiç do embargo se todo o seu povo se empenhar e trabalhar. Terminou sua teoria chamando os fugitivos de covardes, e silenciando a platéia cubana que lotava a sala. Manu dedicou um disco todo a causa dos imigrantes e um telejornal daqui outro dia mostrou como os balseiros são bem recebidos pelas autoridades da Flórida, que com ajuda de gas lacrimogenio e cassetetes faz de tudo para que estes não cheguem a praia (onde podem pedir asilo político e depois de alguns dias no xadrez podem gozar de vários privilégios que não são dados a nenhum outro povo latino, basta falar que Fidel e o Comunismo são uma merda, os Yankes ainda tão nessa! belive it!). No mesmo telejornal assisti a desastrada operação de uns dez policiais armados ao tentar prender dois sujeitos armados de canivetes. No final um dos bandidos morreu espancado e um policial morreu com um tiro. Adivinha de quem!? Polícia é polícia em qualquer lugar... O 174 sempre sai da garagem.

Segunda passei no trampo da Tábata e ela tava partindo pra uma festa na casa de um colega garçom e Brasileiro. Chegamos lá e a geladeira tava cheia de bebidas que eles pegaram emprestadas de seu restaurante. Caipirinha, Cuba Libre, Sex on The Beach e Budweiser. Eu sei que no final da festa decidimos abrir a tequila e competir qual nacionalidade conseguia beber mais (direto do gargalo sem direito a sal ou limãozinho). Saimos de lá pra casa da Tabata, onde não me lembro nem de quem apertou. Me lembro de que acordei umas seis e meia, ainda bebado e fedendo muito, e envergonhado fugi de lá, caminhei até a washington onde esperei o onibus comendo uma pizza de peperoni super gordurosa que só serviu pra piorar as coisas.

Cheguei em casa e fui direto pra praia, onde me desntoxiquei estirado ao sol observando os"saudáveis" que corriam na praia. Algum palhaço amarrou um saco de lixo na água de maneira que parecia uma barbatana de tubarão. A porra da secadora encolheu minhas camisetas e cuecas. Nas noites seguintes tive de dormir de luzes acesas ontem porque sempre que apagava apareciam uma porrada de fantasmas. Puta que pariu! Rastafaris das doze tribos pregavam em dowtown, malhavam o ouro e a herô do Hip Hop,mas it's enought! I had enough of the US... Amanhão eu tou de volta pra casa, segunda vou tomar todas as vacinas imaginaveis e quinta já tou em Manaus brincando de GI-Joe.

Esperando la última ola.... Buscando un ideal...

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