31.3.02

Pequeñita bonita
De boquita pintada
Hoy que estas tan lejos
Te recuerdo

Por que te quiero mucho
Yo no puedo olvidar-te…
No pierdo la esperanza de volver

Quiciera tener alas
Para volar a tu lado
Ser libre como el viento
Y no dejar-te…

(Boquita Pintada – Yerba Buena)


Uma ex-namorada cismava em usar batom (as vezes ela perdia horas frente ao espelho mesclando vários tons) direto, o que obrigava-me a beijá-la externamente, com as línguas, showzinho exibicionista recoorrente em mesas de bar, pistas de dança e até em frente a família. Sinto falta de um camarada dessa galera, o Nilton puta brodaço de copo e terrorismo editorial na época do vestibular. Hoje parece que ele namora uma mina da galera, das antigas… o mundo dá voltas loki! Outro dia a irmã de uma vizinha (que também usava batom, só que preto) com que eu tinha um relacionamento ardente e proibido (namorado conhecido… aquelas coisas!) me confessa que já foi muito afim de mim, ela é bem mais velha e independente, parece que me deu uns moles uma vez no Puebla Café mas eu nem percebi, hoje ela namora um rock estrela dos anos oitenta… sempre eles…

Mas que boquinha pintada que nada, eu quero é ver os olhos, os ombros, as mãos… A maneira com que ela senta no bar e conversa com as amigas… E as histórias, interessante é quem vive a vida para poder contar histórias… Não há nada mais mágico do que trocar antecedentes e beijos com aquela muchacha de quadril largo, sotaque engraçado e mochila nas costas… Apaixonado, queria ter asas e ser livre como o vento. E virar mundo, muchos sotaques, muchos cariños…

Quinze minutos pra oito da noite! Anúncios do PC do B são vinculados simultaneamente em três canais da TV aberta, um têm desfile de escola de samba, outro backgrounds coloridos com destaques para as cores vermelha, verde e amarelo e finalmente um casal elegante te convidando a fazer um “brinde socialista”. Ê esquerda festiva do caralho!

Semana bandeirante, guerrilheiro urbano. Com calças camufladas benzidas por Gugu Liberato, guiado pelo cheiro do mato queimado e pescocinho suado…
Sexta Feira desbravei a Spin, um pico em Ipanema bem perto da praia, onde todos os casais estavam trocados e o barman mandava mais ou menos bem. Som bom (apesar de indie) e o ambiente Bacana (apesar de pequeno e pintado de preto que proporcionou uma extrema bad trip a um amigo que sentiu-se num “vagão pra austwitz” e começou a falar em Yddish). Projeto 5 Estrelas do Rodrigo Lariú, ontem Cissa e Kamille fizeram a fiesta. Segunda feira Matias Maxx, ou Maximiliano, faz a fiesta na Maldita, Casa da Matriz.

Talvez por isso acordei com um gosto estranho na garganta, uma sensação estranha no estômago e uma pressão na cuca. O telefone tocava, era o Juca chamando pra ir pra praia. Fizemos algo diferente, desenterramos nossos camelinhos e fomos pela Lagoa, curtindo tranquilamente todos os visuais desta cidade que mistura grafite, pedra, mato e água. Uma legião de gente “saudável” por todo trajeto, coroas de bermuda caqui em seu passo pesado, tchutchuquitas bem nascidas com suas corsárias justas e tênis branco, debiloides com suas tatugens impecávelmente desenhadas pelo Tyes sendo guiados por pitbulls raivosos além de gente fudida e intimidadora, pelo menos pra amedrontada classe mérdia.

Mesmo numa Aspen fudida com o peneu meia-bomba eu me arriscava em micro empinadinhas a cada desnível, achando que estava no X-games. Lembrei que na ocasião, empolgado com os cliques clássicos no vertical ou skate park fiquei hipnotizado por uma campeã, que merecia uma música que podia se chamar “Skater Girl”.

Lembra do reggae Skinhead Girl!? Regravado pelos garotos Podres?

Skinhead girl!
There she was swinging down the high street yeah!
Hair cropped short, boots and perm
I couldn’t belive my eyes,
Like a story out of a book
She was my height, my weight, my size
She wore (her) braces and blue jeans

Skinhead girl!
She was mine!!!

Whattabout “Nosering Girl”? Hino indie-nerd (esse povo de lista de discussão) ;) do Nerf Herder.

Yeah she had pretty hair and beautiful eyes
And a Dalmatian jacket
And she was the kind of girl who you would give up eating meat for
No more salami
No more steak or potatoes
Yeah you would walk on down to the health food store
And buy hummus and tabouli and babaganoush and ricecakes ricecakes ricecakes

Nosering girl I love you
Nosering girl I want you I want you I want you


O meu som teria que ser do jeito que vale a pena, rappeado, com muito grave, meio dub, meio miami, bailão bom de vitrolista. Tinha que falar dos olhos certeiros dela, os ombros fortes surgindo da camisetinha solta. Uma tatoo semi-oculta nas costas, a samba-canção de corações vermelhos brotando pra for a do bermudão e sobre tudo os machucados e ralados nas costas e pernas. Feminina e selvagem, estilosa e graciosa… Na dela, sempre discreta e calada na área de atletas esperando sua rodada.

- O namorado dela é gigante!

For a de questão! O som não pode terminar com conflitos. Já o sujeito do mesmo tamanho da Skinhead Girl provavelmente de cerva na mão acabou se dando bem

I made up my mind, was gonna e courageous, yeah!
Her head on my hand and touch her gentle
She lokked at me and smiled
I know that was for real…

O nerd, obviamente se deu mal, visto que menina indie-shoegazer é mais cheia de merda que patricinha

As it turns out, she was the cousin
Of the ex-girlfriend of my good friend Steve my very good friend Steve
But she didn't like me
She said I was a drunkard, an alcoholic, a weirdo, a freak (freak)

Se você é um sujeito bacana, pode se dar muito bem com uma patricinha. Fui convidado para conhecer um pico novo na quarta, a Six, propriedade de alguma celebridade aê, sei que os Angels trampam lá. A festa em questão era a Black Six, que apesar da filipeta ter aspecto de “bagulho de metaleiro” é uma festa de música negra (ou preta!? Lo que sea!) produzida pelo Mr Catra e a Pátricia Rocha…

É um pico super maneiro, enorme, com estrutura maneira e preços extorsivos. Parece que no fim de semana a consumação mínima masculina é quarenta reais, e cada cervejinha três e cinquenta. Em contrapartida milhares de ingressos VIP femeninos são distribuidos frenéticamente para o Filé Mignon da cidade maravilhosa…

E vou te dizer amigo, se você não é um desses Australopitecos (escreve assim!? Lo que sea!) de orelha e peito inchado que “chega” em “muié” agarrando pelos braços, enfim se você não é um desses “pit boys” que frequentam esse tipo de lugar, você pode se divertir muito com essas muchachas.

- Você têm seda!?
- E eu lá tenho cara de maconheiro muchacha!?
- Ha ha ha… Err… É que…
- Toma… Da Gold hein!?
- Estou dançando do teu lado…

Saia vermelha, salto, argolas enormes nas orelhas, cabelos sedosos, decote maneiro e boquinha pintada.

- É seu cabelo mesmo!?

Bater bundinha, dar beijinho, tirar a maior onda dançando com essas inas no vibe do grave é mole… Mas pra levar pra casa têm que mostrar a chave do carro… não têm jeito…

Chegamos no Posto Nove por volta das três horas, cheio para caralho! Tivemos que dar uma de Black Trunk para levar os camelos para alguma barraca “amiga”. Licença, licença… Opa, licencinha… O Posto Nove é foda… Parece um misto de porta de boate com mercado, neguinho vendendo de tudo, o tempo todo, perrengue pra se locomover, cartões postais para todo lado (cês sabem qual o cartão postal mais famoso do rio né?), marola, maresia e uma porrada de gente conhecida.

Você divulga, opina, conspira e combina… papo de escritório legal…
O mar estava com aquelas marolinhas que duram bastante que só prestam para pegar Jacaré… Quando você encaixa direito é clássico, surfar com o peito, vendo a água impecávelmente lisa e espelhada rodopiar, e o céu lá em cima, aquele mulão todo na areia… O foda é levar caixote e ficar com aquele gosto de michelada na boca…

- Cê vê que esse Rap de Play tem base em batidão! Essa onda de Bass Music! Tá vendo!? Bailão lá bailão cá!
- Cê sabe que essa briga Fortuna e Juça é a mais suja que têm né!?
- E a boa!? Qual a boa!?

Representando o papo de boteco!

Na volta, depois de encher o peneu, umas tentativas de corridinhas, sempre ouvindo aquele narrador pela saco do X-Games na sua imaginação:

BAAAAR SPIN!!!! NOSE GRIND!!!! Vamos vibrar!!! Vamos vibrar!
Ele é do Rio de Janeiro! E tá se direcionando pro caixote!!!
BACK SPIN!!! BAAACK SPIN!!!!! Excelent!!! Palmas para ele!!!!


As vezes o cara só faltava gritar “oh my god” no seu sotaque anglo-paulista. Mas o mais clássico era a platéia mesmo, que vibrava pra caralho e gritava os nomes dos cariocas, aplaudia os fodões de são paulo, ignoravam o catarina mesmo sob pedidos do narrador e vaiavam os argentinos…

Esse lance com os Argentinos é curioso…
Numa de minhas muitas viagens à Búzios no verão pude compreender muito do amor e ódio que cerca aos compatriotas do meu pai. Um misto de inveja dos ricos e raiva dos desordeiros. Mas o fato é que muito do turismo daquele Balneário era sustentado pelos turistas Argentinos, que “andavam com dólar”, e que diminuiram drasticamente este ano, falindo a porra toda.
O motorista da van que me levava pro Bavaria Vibe uma hora xingou pra caralho essa “gente”.

- Porra! O Cara fez a maior merda! Tinha que ser argentino! Esses filhos da puta vêm pra cá e não querem saber de nada! Secam a fonte, usam tudo até estragar!!!

Mais tarde porém, quando bebemos uma cerveja e um papo sobre as estradas que ligam a região dos lagos ao rio (a antiga, pública, fudida, esburacada e demorada; e a nova de alta velocidade, asfalto relativamente decente e uns dez reais de pedágio!) desambou na política o motorista deu outra opinião…

- Esse políticos de merda roubam na nossa cara!!! Entregam a porra toda! São uns safados! E a gente não faz porra nenhuma!! Tinha que ser que nem os Argentinos, que foram às ruas e botaram esses safados pra correr… Eles é que mandam bem…

Num sábado a noite, numa cidade sofisticada e cosmopolita como o rio de janeiro, cheguei da praia e do meu rolé de camelo empapado em sal, suor e areia e me atirei num demorado banho, com dreads e tudo. Lembrando daquelas férias no sul da bahia onde só tomamos banho de mar por umas duas semanas.

Viajei com uma amiga lésbica em sua fase mais hippie. Acampamos de graça numa daquelas barracas canadenses gigantes e laranjas no Jardim de um complexo de casas estilo orientais de uma produtora local. Mas aquilo era só nossa base, de lá nos largávamos para Raves há algumas horas de carro onde ficavamos por uns quatro dias vendo tudo colorido, se alimentando mal e ocasionalmente dormindo ao relento na redeou canga…

E éramos felizes pra caralho, certos de estar participando de algo único e muito importante…

Na volta, comuniquei as histórias e levei fotos para meus camaradas Tom Leão e Calbuque. E publiquei minha primeira matéria lá, “Trancoso em Transe” que eles editaram para “Transe em Trancoso”, mó maldade! Foi minha primeira matéria no Rio Fanzine, era sexta feira e aniversário da Door da Bunker. Todo mundo ganhou bala…
Saiu assinado como Matias Maximiliano, assim como uma outra matéria pro RF depois, a terceira saiu como Matias Maxx, que eu usava desde que publiquei umas fotos no JB, que aliás é o jornal campiâo de creditar errado as minhas fotos. PUTA QUE PARIU!

Adotei o Matias Maxx porque achava o Maximiliano muito grande, e também pela sonoridade. Na BiZZ sempre saiu Matias Maxx, o editor adorava! Há mais ou menos um ano atrás, recebi um telefonema de meu xará lá da Conrad, o Alexandre Matias, que me passou um trampo super agradável, fotografar o Neil Gaiman passeando pelo Rio… O crédito saiu Matias Maximiliano, assim como nas minhas seguintes colaborações para a editora Conrad. Depois do lançamento da PLAY número um onde fiz uma matéria sobre Latintronica questionei o xará em porque sempre colocar Matias Maximiliano e não Matias Maxx. A resposta veio no expediente da edição dois, onde fez uma gracinha escrevendo: “Matias Maximiliano pediu para ser chamado Matias Maxx, mas saca só, M-A-X-I-M-I-L-I-A-N-O, bem mais legal!”. Pelo menos esclareceu pros lokis que achavam que Matias Maxx e Matias Maximiliano eram pessoas diferentes!

O Calbuque, surfista, oceanógrafo, dee jay, jornalista e um dos editores do Rio Fanzine, casou! Como o casal é brodaço meu fui na Igreja, o padre se empolgou:

- O paraíso é como uma festa de casamento. A mesma felicidade. Não é a toa que Jesus escolheu uma festa de casamento para se manifestar pela primeira vez. Ele foi numa festa humilde, onde faltava vinho, e como não há festa sem bebida ele multiplicou o vinho…

Hehehehe… O cara sacou o pessoal que tava naquela Igreja. Jornalista e músico é foda! Jornalista musical e dee jay então! A boa é que sabemos que asseguramos goró no paraíso! Hmmm… e úisque, canapés, kani, sushi, tomates seco e pastinhas mil!?

O Tom Leão veio me dizer que concorda com meu xará, achando Maximiliano muito mais legal. A confirmação veio nessa sexta quando o loki esreveu uma matéria sobre “as novas festas que aportam na cidade” e manda o seguinte sobre a fiesta:

“Segunda tem festa Cucaracha na Casa da Matriz (Botafogo) com o inigualável Maximiliano, vídeos, zines e ainda participação dos Inumanos”

heheheeh…fudeu! Começou…

A campainha tocou, o maior encrenqueiro do bairro com dois colegas. Eles trabalham num shopping na loja de uma dessas grifes envolvidas em escandalos. Fomos admirar Botafogo Valley do terraço saboreando baguliex de distintas procedências.

- Eu sou eu, você é você e ele é o cara!

Vocês não vão acreditar, mas rolei um e deixei debaixo do monitor (de mac, com tripézinho) enquanto editava o texto. Daí noto uma cucarachita (de verdade não as desenhadas pelo goose) montada bem emcima da piteirinha do beck. Puta que pariu, ate os insetos daqui são assim.

27.3.02

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FIESTA CUCARACHA
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Seis anos impresso, três no seu correio eletrônico e dois na web. Cucaracha Zine tem mais é que comemorar, para isso convidamos a todos a esticar a vibe do feriado na FIESTA CUCARACHA! Segunda feira primeiro de Abril na Casa da Matriz!!!

O Cucaracha Zine foi convidado pela MALDITA (festa dos DJs Zé e Gordinho, toda segunda na Casa da Matriz) para ocupar a Pista 2 da casa celebrando ritmos, sotaques e vibrações do terceiro mundo, além de prestigiar mais um lançamento do Terrorismo Editorial. Nessa ocasião estaremos tocando temas de nossa vasta coleção de sons latinos, independentes e diferentes.

Oportunidade fenomenal para conferir o melhor da LATINTRONICA (música eletrônica cucaracha, nortec, kinky… você já deve ter ouvido hablar), a música Pop em Espanhol (de remixes do Guru Manu Chao até singles de reggae Panamenho) além de muito Reggae e Dub para climatizar o ambiente. Também está confirmada uma participação especial do INUMANOS a mais inovadora dupla de Rap Carioca, representando a cidade maravilhosa.

Na sala de vídeo rola exibição do “CUCARACHA VIDEOZINE – OPERAÇÃO FREE JAZZ”, além de uma entrevista exclusiva com os Cubanos ORISHAS e outros materiais da videoteca cucaracha como um piratão da apresentação do LITLLE QUAIL AND THE MAD BIRDS na LOUD! Alguns flashes da ECOSYSTEM 1.0, a rave que virou Manaus de ponta cabeça no ano passado e do X-Games sul-americano realizado fim de semana passada no aterro…

Além disso estaremos expondo alguns quadrinhos e fotos e lançando uma edição especial do Zine Impresso…
Fure e arrependa-se para o resto da vida!!! Compareça e seja mais uma pessoa feliz. Primeiro de Abril, todos na Fiesta Cucaracha na casa da Matriz...

NEM TUDO É MENTIRA NESTE MUNDO!!

21.3.02

Sempre se repete, um emendando no outro como numa novela de televisão

Sim, você sempre se salva, por mais que no último capítulo você acordou quando a chapa esquentou… e esquece tudo!
No dia seguinte você tá vivo, o seu redor é aquele universo bizarro de sempre, onde você tem a manha de escalar o ar, uma modalidade diferente de “voar”. Nos meus sonhos sempre há muita gente convivendo, rolam altos jogos de relações, e tá todo mundo no mesmo ambiente, que tá pra alguma cruza de hotel de campo com comuna… sei lá… é algo estranho…
As pretenções e o sexo das muchachas são estranho nesses sonhos… E a unica constância é a escalada no ar.
O que mais enerva é o esquecimento quando acordado, só lembrando de detalhes futéis, que eu tenho certeza de ter sua comprensão absoluta mais tarde, quando dormir…


Sou um desregrado, meu telefone acompanha a onda e toca o tempo todo. Amigo trocando idéia, figura alugando, muchacha sorrindo, maletas e mudinhas… sim! Porque desde 1995 que eu sou atormentado por alguma mudinha que liga, ouve um par de alôs e desliga na cara. É quase diário, é insano! Quando estava saindo do segundo grau (em 1997), eu me lembro de receber uns telefonemas sinistros. Ela tinha uma voz deliciosa e sempre se apresentava usando nome diferente, mas era ótima.

- quem é você!?
- Ah… uma amiga de uma amiga sua…
- Do colégio!?
- Não, nem estudo lá… minha amiga sim…
- Quem é ela!?
- Não posso dizer…
- Sei…
- Sempre te vejo… queria tanto te conhecer...
- Então porque não se apresenta!?
- Você quer me conhecer?
- Porque não!?

Então sempre forçando a voz pra ficar mais sexy e atirada ela se descrevia e dizia que morava no mesmo bairro que eu…

- Então você também mora em botafogo…
- Sim…
- A gente podia se encontrar qualquer dia…
- Ué, mas você não tem namorada!?

Eu era moleque e namorava uma mina na época. A reação normal foi achar de que tratava-se de uma amiga da minha namorada me testando. Mas depois das inúmeras ligações que essa muchacha me fez no decorrer no ano, tive a certeza que não e começei a comprar uma paranoia de que devia tratar-se de uma pirada obsessiva e perigosa. As nossas últimas conversas no teleone foram surreais. De certo tratava-se de algum rolo escolar, pois essa mina nunca mais voltou a ligar e até hoje eu não sei de quem se tratava…

Também teve outras histórias bizarras, envolvendo recados em secretária eletrônica nesse ano. Sei lá se era uma conspiração ou sinais, mas o fato é que 1997 foi marcado por telefonemas anônimos e mensagens bizarras. No fim das contas no meu baile de formatura, eu olhava pra as desconhecidas desacompanhadas do recinto achando que a qualquer momento elas poderiam arrumar algum objeto afiado e… de Matias Maxx só restariam alguns fragmentos na rede…

Numa quarta feira quente de sono, insônia e trovoadas como saber se é tarde demais pra ligar!? Se você nunca sabe quando pode receber um telefonema… Blocos gigantes de gelo desprenderam-se da Antártica, pasado o rodo em navios e descaralhando as marés. Dizem que o mar vai ficar grande estes dias…

Na terça feira, como de costume fui encontrar com companheiros de militância no centro do rio. Era o dia mais quente do ano, uns 46 graus, de noite ainda era muito quente e todos suavam em bicas. Não tinha condições de levar uma reunião decente, mas como contavámos com alguns companheiros gringos na reunião demos alguns informes e tal.

Tinha um loki de Gana, rastafari e Reggaeman. Ex deejay da fluminense e puta entendedor de reggae, daí ele começa a trocar idéia com o povo e todo mundo vai prestando atenção até o cara entrar num papo de revolução linguistica. Acontece que o cara nos distribui, e prega, um manifesto que propõe a abolição da palavra NEGRO, porque segundo ele NEGRO é uma palavra inexistente no vocabulário português. É um termo criado pelos navios negreiros para chamar os escravos, e que remete a negatividade, assim como lista negra, câmbio negro… para ele, o certo seria chamar os afrobrasileiros de PRETOS, porque esse é o nome da cor, e o preto já remete a positividade ex.: ganhei uma nota preta…

Eu achei interessante, apesar de já ter ouvido afrobrasileiros dizerem “Preto é lápis de cor, eu sou negro!” e no jornalismo costumar usar-se o termo negro, ao invés de preto…
Todo mundo ficou uns instantes calados, e depois começou.

- bicho… faz sentido o que tu diz, mas aqui no brasil, geralmente o PRETO é pejorativo, enquanto o NEGRo cosuma ser a maneira certa de chamar os afrobrasileiros…

dai o cara protestou, dizendo que o negro era a palabvra oficial, e que esta remetia a escravidão e negatividade! Disse que o mundo todo tinha aboldio o NEGRO, que na Europa não se dizia mais isso, só na espanha, porque lá preto é negro mesmo. E que se você chamar um afro-americano nos EUA de nigger você vai pra cadeia

- Porra! Mas os MCs não vivem falando de nigger em suas letras???

O pessoal caiu numa discussão gigante. Não que o Africano estivesse errado, mas é que no Brasil o movimento Negro adotou esse termo, raça negra, para abolir as inúmeras definições para afro-brasileiros (preto, criolo, moreninho, mulato, cafuso, sarárá…) que vigoravam nos sensos demográficos…
Mas no final das contas, independente disso, como anarquistas tentamos dizer ao Ganense que para nós, libertários, pouco importava combater uma semântica, deixa isso pros linguistas. Que para nós, era mais importante combater o racismo, a sociedade livre é muito mais importante do que as palavras…

- Mas Deus fez o mundo com palavras MAN!

Hmmm… Estava tarde, estava quente… Resolvemos fechar a reunião. Duas companheiras do CMI de Berlim que estiveram em Dezembro cobrindo os protestos na Argentina e em seguida no Fórum Social de POA estavam de passagem pelo Rio e perguntavam onde é que a genta costumava se confraternizar após as reuniões. Disse que costumávamos ir à lapa, mas como elas tinham que voltar para a ZN de Metrô resolvemos ir embriagarnos lá pelo centro mesmo, na Uruguaiana.

A uruguaiana é aquele compexo de camelôs que vendem de tudo, de tênis “nike” a aprelhos de som de carro, fitas de vídeo digital no atacado ou games de PC ou Playstation, além de CDs, lógico! Durante a noite alguns bares operam no camelódromo, abusando da lixomúsica e populados pela nata da fuleiragem/malandragem do centro carioca. Primeiros paramos num isopor “latinha um real”, o mais longe possivel de uma musica breguissima que vinha de um sound system no final da praça.

Uma das alemãs força a vista e percebe que o sound system trata-se na real de um karaokê!!! Ela é fanática por Karaokê!! Karaokês animam todas suas saídas européias, lá existem até karaokês com sons punks!!! Ela faz parte de um grupo deamigos fanáticos por karaokê que mantêm um site (HAY CARAJO! COMO EU NÃO ANOTEI A URL!???) onde reunem fotos de Karaokes do mundo todo.

O pico era numa esquina do camelódromo, num desses bares de mesa de lata onde a cerva de garrafa é dois real, quem operava o fuleirissimo karaokê era um sujeito com pinta de paraguaio que eventualmente cantava, cheio dos macetes, sotaques e vibratos, feito um rei do mambo…

Ocupamos o bar, para a estranheza geral. Chamávamos atenção, tatuados, de moicanos, dreads, piercings, palavras de ordem e acompanhados de gringos. Estávamos em um grupo grande, então a maioria ficou na sua, mesmo assim algumas pessoas se aproximaram com mal intenção, mas vendo que eramos na maioria cariocas exxxpertos ficamos em paz. A alemã, de cabelo descolorido e arrepiado feito um saya-jin, de vestidinho, havaiana e colar de conchas assumiu o Karaokê e escolheu “My Way” do Frank Sinatra… só que a versão dela foi a do Sid Vicious… apontando para os figuras que a secavam ao redor e tudo…

A praça gelou e todos miraram os olhos e ouvidos pra cena, não entenderam nada mas aplaudiram feito locos quando a música terminou e a alemã recebu nota 70: “Você está de parabéns!!!”

Foram algumas cervas… como hoje, numa semana mais devagar que a passada mas de longe menos interessante…
Preciso descolar essa url… preciso ver essas fotos…
provas de que a vasta rede pode ser tão revolucionária quanto bizarra...

19.3.02

viviendo la vida loca...
naquele mix onde o trabalho e a grana, pilares da sociedade consumista,
casam com o tesão e a liberdade, os pilares da utopia...

acordando a hora que eu quizer, mas produzindo!
foda-se eu não quero ter chefe!
posso até ser prejudicial pra tua visão imperialista,
mas sou gente boa!
sou digno!
e posso no meu ócio, na matina, observar o céu...

uma enorme formação de passáros cruza o céu toda manhã...
passaros grandes e negros, arqueados....
acho que são patos, voam em formação de flecha...

é...
não tem isso em toda parte...
de forma alguma...

5.3.02

wado nosso informante de Maceió, Alagoas tá na area e já fez check-in na central de produções cucaracha deixando o novo álbum cinema auditivo que conta com uma puta surpresa, uma faixa chamada "tarja preta"! Muito clássico! Já virou vinheta!

tarja preta
(wado)


esse funk é tarja preta
remédio forte
esse samba é tarja preta
remédio forte

se você tem propenção pro desespero
e pra dor
não beba desse funk
não beba desse samba
que ele é tarja preta
é remédio forte
e não convém

esse samba é pra quem tira aprendizado
e alegria do que também não é bom

daí o som emenda com
"Fafá" do Siri, do Santo Samba


Ô fafá chega e vem cá
vem me dar um abraço
que eu não posso mais esperar

você diz neguinho vem pro mexe-mexe
eu digo sim vou pro bole-bole
agente se sacode até ficar mole
ai eu te abraço e te completo com tudo

meu coração é de outra mulher
eu sei que ela não gosta mais de mim
e a vida é mesmo assim
eu vou te dar o amor
do jeito que você quer

curtiu!? então outro som do cara

diabos
(wado)


enquanto a nação
de maior poder bélico
e que fomenta as guerrilhas
do mundo se veste de vítima

diabos africanos, demônios
latinos, encarnados orientais
pagam com pernas e braços
em minas terrestres
o pecado da exclusão
minha carne é de carnaval
o meu coração é igual


pra quem não sabe a tarja preta terrorismo editorial é uma organização independente, autônoma e mutante atuando em diversas áreas de mídia e influência. Crea-lo pibe!

4.3.02

Em casa, costumo dormir o mais esticado possível no gigante colchão, de preferência na diagonal, afundando a cabeça num travesseiro e abraçando outro como se fosse uma muchacha magrinha e caliente. Em quentes dias de racionamento (que diga-se de passagem, não respeitei um sequer mës!) já cheguei a dormir na varanda, como já fez várias vezes o mosca ou um Lacertae de Sergipe, tranquilo pra quem já se largou em praias do sul da bahia, com muito sol, ácido e BPMs no coco. Mas as metas já eram, anúncios parabenizam os cidadões que ajudaram o governo a enfrentar a crise energética. De um dia pra outro, já poderemos ressucitar o ar-condicionado e ligar todas as tevês e rádios, liga na casa dos artistas, manja a pit-girl Joana Prado, e torce pra que o André Gonçalves coma todo mundo logo, porque ele tá fazendo o papel do autêntico fudido carioca, magrelo e malandro, sobrevivente e picão! Ni pá! Ni Pum! We don't need No more Frotas!!! O Mion dando uma de jackass e a rede grobo com o reality show mais ninho de cobras possível, a tv brasileira tá bombando, e logo logo tá focando Japão e Coréia, e depois já sabe... Pode deixar a TV ligada...

Tem que torcer amigo! Até Fernando Henrique, que passou oito anos conhecendo os melhores hotéis, restaurantes e pontos turísticos do mundo, sob as piores companhias, quer Romário na Copa. Quer também perpetuar seu mandato colocando um ministro da saúde com uma batata quente na mão, a epidemia de uma doença secular, que eu tou careca de ouvir hablar desde os anos oitenta. Mas eu acho que a gente ainda vai ver o FHC por aí, se bobear num posto lá na gringa, que ele se amarra tanto. Mas o buraco está muito mais a direita do que isso, as forças do mal aliadas ao PFL confirmando a máxima "o brasileiro têm memória curta" repetiu a fórmula Collor e criou a Roseanna Sarney. Porra! Outro dia ouvi uma professora da UFRJ, dessas esquerdistas sempre "do contra", dizer - ah! mas ia ser legal ter uma mulher presidente! - É amigo, já era, desisto! E agora!? Só pulando pra outra alternativa...

Repito! Tem que torcer amigo, o caruzo lançou campanha pelo Romário, em suas charges recentes só dá ele. Na capa do jornal é dengue, no miolo as eleições tomando forma, furadas de olho e escandalos pra todo lado. O governo FHC fodeu o clã dos Sarney e o pau tá comendo, direita e esquerda minando-se e a mina do TRE dizendo que eu vou ter de ser mesário nessas eleições. É ruim hein!? Só se for bem virado e chapado, de cara pintada, chapéu de cone e nariz de palhaço! Merda! Acompanhar as notícias deixa qualquer um puto, muito puto demais!

Por que no final das contas é tudo um grande caô! Experiëncia pessoal já me provou que o que um depoimento na apuração é uma coisa e depois da borracha do editor é outra. É tudo caô, maça-C maça-V (ou Ctrl-C Ctrl-V), é release e conchavo, é tradução e copydesk mal feito. Eu não confio! Eu quero ver com meus próprios olhos, interagir com pessoas, debater e ouvir, intervir. Estas semanas trancado em casa venho devorando e ruminando informação, tou fluindo e produzindo, mas sentindo que logo logo vou ter de dar um rolé, uma esfriada, sei lá! O Rio é maravilhoso, mas eu não consigo parar de viajar, ou querer viajar. Por que pra onde quer que seja, sempre vai ter algum doidão ou doideira, atração inevitável.

Numa noite de 2000 eu tava jogando um Atari na Matriz quando um cara do meu lado acendeu um baseado muquiado num cigarro. Achei curioso e perguntei como o cara tinha feito, ele me explicou que arrancava o filtro com a ponta dos dentes e metia um cartão no lugar, pitoresco! O cara em questão era paulista, e tinha acabado de chegar de sampa - "A night tá caída lá meu! viemos curtir este pico!" - era tipo duas horas da manhã de sábado. Meses mais tarde, numa bad trip de birita no recife antigo, eu arrancaria os filtros de vários cigarros que filei, e tossi muito, só de onda, por que não tinha nada melhor pra fazer a onda. Essa noite foi catástrófica, terminando numa viela fedorenta e estreita do Pina acompanhado de uma popozuda que fazia a vida em boa viagem, atrás de um soltinho, mas a situação tava dormindo...

Dormir longe de casa... Precisava disso! Mesmo daquelas bad trips, onde você acorda sozinho, geralmente num quarto de hotel todo fudido, e mal lembra seu nome, ou onde você está, e quando essas questões se esclarecem, a pior questão - como você chegou até a cama!? Suas lembranças da noite anterior vão até uma determinada latinha, e você sabe que tiveram muitas outras depois dessa. A última vez que cai num limbo desses foi em Búzios, quando acordei na pitoresca pousada Blue Marlin, com mobiliária indiana e pinturas de ondas por todo lado. As Bavarias já estavam rolando desde as 16h do dia anterior, lembrei de ter voltado pra pousada - de Bavaria na mão -no final do set do Cox, bem no meio da madruga. Quando tudo se esclareceu foi que eu notei que o cara que dividia o quarto comigo e tinha armado de me dar carona de volta pro rio tinha sumido, mais tarde descobri que saiu de fininho bem de manhãzinha sem pagar as suas despesas. A diária do quarto (bem maior que meu cachê por saída) já estava paga pela produção do evento em que trampávamos, mas as despesas eram por nossa conta, e não teve argumento... Mas o manézão mais tarde aprendeu o que é se meter com Matias Maxx...

Outro despertar desesperador foi em Manaus, onde diga-se de passagem, dentre negociantes motoqueiros e produtoras de tevê deliciosas cruzei com inúmeras figuras, como aquele paulista do cigarrinho pitoresco, desta vez cheio de histórias sobre suas andanças no sudoeste asiático, acendendo pipas de ópio com uma velinha, deitado numa esteira, viajando... Em Manaus a questão era justamente o como eu vim parar aqui, e o que essas camisinhas todas estavam fazendo pelo quarto!? Depois de um demorado banho e muita meditação tudo foi ficando claro... Já era noite e eu deveria ter dado o check-out duas da tarde, mas porra a gente chegou no hotel umas onze, e daí teve aquela confusão toda, arrastei (ou fui arrastado?) por uma groupie pro quarto, quando tudo estava fluindo notei a presença de outra mina no quarto, a irmã da groupie, que estava só assistindo sem querer interagir. Na paranóia de levar um "boa noite cinderela" acabei tendo de expulsar as minas, como elas não queriam dar o fora sem "a grana pro taxi" tive de ser cinematográfico. Pegar as roupas das minas e jogar do corredor, ou algo assim. Dai sozinho deitei na cama e chapei.

O Max BO me ligou algumas horas depois, pra avisar que tava todo mundo dando o fora, "eu sei! eu sei" disse, desligando o telefone. Agora já era denoite e eu percebi que tinha perdido minha credencial e a chave do quarto. Estava desesperado e ainda na sequela dos dois Pablo Picassos e do.. como era mesmo!?? Paz e amor!? Coração!? Mitubishi!? Smile!? Sei lá! Tava escuro... Teve também White Widow e uma presença do dono da festa de um solto oleoso espetacular, diferente de tudo que já traguei. Felizmente jah estava comigo e descobri que por alguma razão (ou melhor, por algum Tilt) meu quarto ainda estava pago para mais cinco dias, desta vez com as refeições todas inclusas... Cada minuto da decupagem das seis horas filmadas EcoSystem1.0 traz um flashback que remontam histórias e principalmente sons.

Boas lembranças num dia ensolarado do rio de janeiro, com uma hora e meia gasta na fila de um consultório médico, para que um babaca com estetóscópio no pescoço de cara para uma puta vista da Av. Presidente Vargas me faça perguntas cujas respostas ele já sabe.

- Você fuma?
- Não!
- Bebe!?
- Não!
- Já sofreu cirugria!?
- Não!
- Doença grave?
- Não!
- Acidente de trabalho!?
- Não!

Uns dez segundos, sem sacanagem. Só pro cara, com letra de médico, assinar a porra do meu exame demissional, para eu dar baixa na carteira do emprego que pedi demissão há QUASE UM ANO atrás!!! Para que amanhã eu tenha que estar as sete da manhã em alguma rua da zona norte desconhecida para mim, para fazer uma tal de homologação pra minha porra de carteira de trabalho. Puta que pariu! Quinze reais pela merda do exame. Quinze reais pra merda do ministério do trabalho, ou da saúde, sei lá! Maldito estado burrocrata! Tá na hora de colher verba, varrer a merda pra debaixo do tapete e deixar tudo brilhando pro circo eleitoral. Mas tá Tranquilo, meu voto já vai pra ninguém mesmo, do partido nenhum, por que todo mundo já sabe que ninguém dará trabalho e saúde para o povo, ninguém resolverá o problema econômico brasileiro e ninguém vai acabar com a impunidade e a corrupção!!!

Pra piorar fui num sebo onde sempre tem coisa black boa e o único que chamou atenção foi um bem farofa do Grandmaster Flash e um do Fresh Prince! Fala sério!!!

1.3.02

SEDENTÁRIO

Não polua! Economize energia e mantenha a cobertura vegetal da amazõnia, não se preucupe com as latinhas, pode jogar no chão que tem sempre um catador por perto! Cada cicatriz ou tatuagem é uma história, não é a toa que os coroas caretas morrem de tédio e pãnico dentro de seus pesados carrões, com muitas fodas e poucos orgasmos nas costas. Existe todo um mundo de possibilidades e aventuras lá fora, nada é impossível, se você quer morrer tentando escalar uma montanha gelada ou explodir feito homem bomba tentando foder a ALCA, o OMC, FMI ou qualquer outra dessas merdas é tudo uma questão de recurso e dedicação. Têm que se despregar, vencer as barreiras psicológicas e materiais, tem que ser cascudo pra virar o jogo.

Não há inimigo como o tempo, a vida acelera na mesma razão que te sufoca, e lamentavelmente há momentos em que você perde, tem que esperar, preparar o terreno, há muita coisa pra fazer e pouco tempo pra tomar decisões, oportunidades aparecem e somem num instante, você só tem que agarrá-las. Um playstation apareceu no apê do rock, eu devia ter arranjado alguma maneira de capturar suas imagens para o computador, mas tudo que eu fiz até agora foi perder horas a fio na pele de Steve Caballero marcando rampas e meio fios ou fuzilando alemães sem vergonha feito Steve Patterson, ou algo parecido.

Video-games detonam teu tempo, te conduzindo a uma realidade fatástica que te faz ligar o foda-se para todo o resto da humanidade, só de pensar nas horas de minha vida que perdi em frente a tosquerias como Dragon Quest, Zelda, os Quests of Glory e Larrys da vida além do clássico Final Fantasy II (de chorar esse) de SNES (fácil mejor console) fico determinado a comprir meu trabalho antes que algum CD de RPG venha parar aqui em casa para me conduzir a um limbo contraprodutivo e autodestrutivo. Díos mio um parágrafo de uma frase só! É por isso que meus editores me enrolam tanto!

Edição de video digital têm se provado a mina de ouro da central de produção cucaracha, o foda é ficar trancado em casa ligado no mac e tendo de administrar visitas, saídas e favores. Têm que ser solidário, libertário, apedreja e esmaga o opressor, solta os cachorros nas siglas, transforma a vida num circo! Escuta o que eu tou te falando...

Aos trancos e barrancos com o Mac, correndo contra o tempo e como sempre acumulando tarefas e deixando tudo pra última hora, mas as coxas tão saradas e acaba ficando bonito. Têm que se armar e organizar, essa moleza vai acabar, têm que fazer as coisas certas no momento certo pra tomar de assalto! Merda! Não é por que tu emenda um verão no outro que as coisas rolam com maior facilidade, têm que ralar meu irmão, têm que combater toda a vontade de chutar o balde, dizer tchau pra família e pegar o primeiro transporte pra alguma zona livre engrossar o contigente, e finalmente morrer de saudade dos amigos, do panteão de chicas e de minha cidade, uma cadeia de vales abençoada por Iemanjá e torturada por todos os lados! Têm muita coisa acontecendo lá fora, só tem que chegar nos lugares e horários certos, tem que ser rápido e atento! Não pode deixar nenhuma pedrinha atrasar teu passo.

Todo rolé na lapa tem que terminar num sinuquinha, da última vez no L.A.P.A. pico bacana, pena que a dona me odeia, sorte que o cara que fica por lá, o MC Marechal, é sangue bão. Qualquer rolé no kinder-ovo carioca te faz esbararr com legiões de conhecidos e broders, as vezes nas companhias mais surreais que te conduzem a um questionamento Truman Show. Num esbarrão desses tu pode ganhar a noite, ou atormentar-se geral. Quem disse que as coisas iam ser mais fáceis depois do carnaval? O ano começou pra valer malandro! Tem que se organizar e detonar! De fato tá tudo mudando, outro dia uma visita me tirou da cama as cinco da manhã, ela chorava pra cacete e fedia a goró, caipirinha pelo gosto. Como não dizia nada, só chorava, tive que calar a sua boca, igual fazem com os bebês, ainda bem que caiu o fora antes de eu acordar, têm vezes que você prefere ficar sem explicação mesmo. Na tarde anterior eu já tinha encarado um fatídigo papo de relacionamento de uma outra maluca. É sempre assim, elas se aproximam deliciosas, esbanjando descompromisso e maturidade, te fazendo sentir um dos caras mais felizes do mundo. Você faz questão de deixar claro repetidas vezes que não vale nada e é ocupado, atrapalhado e descaralhado demais para um relacionamento sério, mas ela ignora os avisos e acaba apaixonando-se e quando o prazo expira ela termina te chamando de infantil e sacana. É por isso que eu não amo ninguém! Duas garotas chorando no mesmo dia!? Puta que pariu, que que eu fiz pra merecer isso!? Que porra de vida é essa!? Cai fora! Aperta o reset e começa tudo do zero.

Droga! Quem disse que eu nunca tentei!? Há mais ou menos um ano atrás eu conheci uma garota divina, com um lindo sorriso infantil e ascendência deliciosa, mas eu era escravo de uma corporação, e todo tempo que me sobrava era dedicado a auto-destruição, e quando encarava os filhos da puta que ganhavam cinco ou quinze vezes mais do que eu, pra fazer menos de um terço do que eu, sem entender porra nenhuma de Internet (NÃO SOU EU QUE DIGO! O TEMPO COMPROVOU ISSO!!!) eu descontava minha raiva me culpando pelo meu broder no xadrez, hoje solto, "graças a Alá" repete antes de cada chopp!!! O coração dessa preciosidade era puro e apaixonante, poderíamos ter uma história longa, passar belos momentos juntos até conhecermos todas nossas histórias e gozarmos de todas as maneiras, mas nessa época eu andava travestido num monstro, engaiolado num escritório revolvendo as caldeiras do inferno... Perdi muito tempo, e perdi perdi esse anjo... Me sinto tão culpado que o seu belo sorriso infantil hoje me envergonha...

Mas Matias Maxx nunca está pra baixo, não se deprime, não se multila mais, liga o foda-se descaralha-se achando saber o melhor pra si e só se assutando com o tempo, e só se culpando pelo desperdicio do tempo. Enquanto não acha o lugar e a hora certa passeia por toda parte. Eles querem que teu mundo seja o seu trabalho, você se apega as pessoas e os lugares que fazem tua cabeça, tua onda. Mas o mundo vai muito mais do que essa tela de computador e é muito maior do que todas essas janelas que você pode ver de onde está. Ainda há muito lugar para conhecer então não vale a pena se culpar por nada.

Nessa vibração acabei livrando-me da corporação, e pra lavar a alma viajei, divertindo-me bastante... E isso já é uma história que vocês conhecem bem... Mas não é tempo de nostalgia, é tempo de planejamento e acumulação de recursos, pensar pra frente, fazer a coisa certa no momento certo, acertar na chapinha como disse um camarada! Este Blog está com uma quantidade considerável de acessos, no entanto o Cucaracha Zine continua atraíndo muito mais e-mails, porque tanto voyeurismo? Eu quero interação!? É sobre isso que tudo isto se trata! A gente se vê por aí assim que eu me livrar de tudo... Não exite em comprimentar!