31.3.02

Pequeñita bonita
De boquita pintada
Hoy que estas tan lejos
Te recuerdo

Por que te quiero mucho
Yo no puedo olvidar-te…
No pierdo la esperanza de volver

Quiciera tener alas
Para volar a tu lado
Ser libre como el viento
Y no dejar-te…

(Boquita Pintada – Yerba Buena)


Uma ex-namorada cismava em usar batom (as vezes ela perdia horas frente ao espelho mesclando vários tons) direto, o que obrigava-me a beijá-la externamente, com as línguas, showzinho exibicionista recoorrente em mesas de bar, pistas de dança e até em frente a família. Sinto falta de um camarada dessa galera, o Nilton puta brodaço de copo e terrorismo editorial na época do vestibular. Hoje parece que ele namora uma mina da galera, das antigas… o mundo dá voltas loki! Outro dia a irmã de uma vizinha (que também usava batom, só que preto) com que eu tinha um relacionamento ardente e proibido (namorado conhecido… aquelas coisas!) me confessa que já foi muito afim de mim, ela é bem mais velha e independente, parece que me deu uns moles uma vez no Puebla Café mas eu nem percebi, hoje ela namora um rock estrela dos anos oitenta… sempre eles…

Mas que boquinha pintada que nada, eu quero é ver os olhos, os ombros, as mãos… A maneira com que ela senta no bar e conversa com as amigas… E as histórias, interessante é quem vive a vida para poder contar histórias… Não há nada mais mágico do que trocar antecedentes e beijos com aquela muchacha de quadril largo, sotaque engraçado e mochila nas costas… Apaixonado, queria ter asas e ser livre como o vento. E virar mundo, muchos sotaques, muchos cariños…

Quinze minutos pra oito da noite! Anúncios do PC do B são vinculados simultaneamente em três canais da TV aberta, um têm desfile de escola de samba, outro backgrounds coloridos com destaques para as cores vermelha, verde e amarelo e finalmente um casal elegante te convidando a fazer um “brinde socialista”. Ê esquerda festiva do caralho!

Semana bandeirante, guerrilheiro urbano. Com calças camufladas benzidas por Gugu Liberato, guiado pelo cheiro do mato queimado e pescocinho suado…
Sexta Feira desbravei a Spin, um pico em Ipanema bem perto da praia, onde todos os casais estavam trocados e o barman mandava mais ou menos bem. Som bom (apesar de indie) e o ambiente Bacana (apesar de pequeno e pintado de preto que proporcionou uma extrema bad trip a um amigo que sentiu-se num “vagão pra austwitz” e começou a falar em Yddish). Projeto 5 Estrelas do Rodrigo Lariú, ontem Cissa e Kamille fizeram a fiesta. Segunda feira Matias Maxx, ou Maximiliano, faz a fiesta na Maldita, Casa da Matriz.

Talvez por isso acordei com um gosto estranho na garganta, uma sensação estranha no estômago e uma pressão na cuca. O telefone tocava, era o Juca chamando pra ir pra praia. Fizemos algo diferente, desenterramos nossos camelinhos e fomos pela Lagoa, curtindo tranquilamente todos os visuais desta cidade que mistura grafite, pedra, mato e água. Uma legião de gente “saudável” por todo trajeto, coroas de bermuda caqui em seu passo pesado, tchutchuquitas bem nascidas com suas corsárias justas e tênis branco, debiloides com suas tatugens impecávelmente desenhadas pelo Tyes sendo guiados por pitbulls raivosos além de gente fudida e intimidadora, pelo menos pra amedrontada classe mérdia.

Mesmo numa Aspen fudida com o peneu meia-bomba eu me arriscava em micro empinadinhas a cada desnível, achando que estava no X-games. Lembrei que na ocasião, empolgado com os cliques clássicos no vertical ou skate park fiquei hipnotizado por uma campeã, que merecia uma música que podia se chamar “Skater Girl”.

Lembra do reggae Skinhead Girl!? Regravado pelos garotos Podres?

Skinhead girl!
There she was swinging down the high street yeah!
Hair cropped short, boots and perm
I couldn’t belive my eyes,
Like a story out of a book
She was my height, my weight, my size
She wore (her) braces and blue jeans

Skinhead girl!
She was mine!!!

Whattabout “Nosering Girl”? Hino indie-nerd (esse povo de lista de discussão) ;) do Nerf Herder.

Yeah she had pretty hair and beautiful eyes
And a Dalmatian jacket
And she was the kind of girl who you would give up eating meat for
No more salami
No more steak or potatoes
Yeah you would walk on down to the health food store
And buy hummus and tabouli and babaganoush and ricecakes ricecakes ricecakes

Nosering girl I love you
Nosering girl I want you I want you I want you


O meu som teria que ser do jeito que vale a pena, rappeado, com muito grave, meio dub, meio miami, bailão bom de vitrolista. Tinha que falar dos olhos certeiros dela, os ombros fortes surgindo da camisetinha solta. Uma tatoo semi-oculta nas costas, a samba-canção de corações vermelhos brotando pra for a do bermudão e sobre tudo os machucados e ralados nas costas e pernas. Feminina e selvagem, estilosa e graciosa… Na dela, sempre discreta e calada na área de atletas esperando sua rodada.

- O namorado dela é gigante!

For a de questão! O som não pode terminar com conflitos. Já o sujeito do mesmo tamanho da Skinhead Girl provavelmente de cerva na mão acabou se dando bem

I made up my mind, was gonna e courageous, yeah!
Her head on my hand and touch her gentle
She lokked at me and smiled
I know that was for real…

O nerd, obviamente se deu mal, visto que menina indie-shoegazer é mais cheia de merda que patricinha

As it turns out, she was the cousin
Of the ex-girlfriend of my good friend Steve my very good friend Steve
But she didn't like me
She said I was a drunkard, an alcoholic, a weirdo, a freak (freak)

Se você é um sujeito bacana, pode se dar muito bem com uma patricinha. Fui convidado para conhecer um pico novo na quarta, a Six, propriedade de alguma celebridade aê, sei que os Angels trampam lá. A festa em questão era a Black Six, que apesar da filipeta ter aspecto de “bagulho de metaleiro” é uma festa de música negra (ou preta!? Lo que sea!) produzida pelo Mr Catra e a Pátricia Rocha…

É um pico super maneiro, enorme, com estrutura maneira e preços extorsivos. Parece que no fim de semana a consumação mínima masculina é quarenta reais, e cada cervejinha três e cinquenta. Em contrapartida milhares de ingressos VIP femeninos são distribuidos frenéticamente para o Filé Mignon da cidade maravilhosa…

E vou te dizer amigo, se você não é um desses Australopitecos (escreve assim!? Lo que sea!) de orelha e peito inchado que “chega” em “muié” agarrando pelos braços, enfim se você não é um desses “pit boys” que frequentam esse tipo de lugar, você pode se divertir muito com essas muchachas.

- Você têm seda!?
- E eu lá tenho cara de maconheiro muchacha!?
- Ha ha ha… Err… É que…
- Toma… Da Gold hein!?
- Estou dançando do teu lado…

Saia vermelha, salto, argolas enormes nas orelhas, cabelos sedosos, decote maneiro e boquinha pintada.

- É seu cabelo mesmo!?

Bater bundinha, dar beijinho, tirar a maior onda dançando com essas inas no vibe do grave é mole… Mas pra levar pra casa têm que mostrar a chave do carro… não têm jeito…

Chegamos no Posto Nove por volta das três horas, cheio para caralho! Tivemos que dar uma de Black Trunk para levar os camelos para alguma barraca “amiga”. Licença, licença… Opa, licencinha… O Posto Nove é foda… Parece um misto de porta de boate com mercado, neguinho vendendo de tudo, o tempo todo, perrengue pra se locomover, cartões postais para todo lado (cês sabem qual o cartão postal mais famoso do rio né?), marola, maresia e uma porrada de gente conhecida.

Você divulga, opina, conspira e combina… papo de escritório legal…
O mar estava com aquelas marolinhas que duram bastante que só prestam para pegar Jacaré… Quando você encaixa direito é clássico, surfar com o peito, vendo a água impecávelmente lisa e espelhada rodopiar, e o céu lá em cima, aquele mulão todo na areia… O foda é levar caixote e ficar com aquele gosto de michelada na boca…

- Cê vê que esse Rap de Play tem base em batidão! Essa onda de Bass Music! Tá vendo!? Bailão lá bailão cá!
- Cê sabe que essa briga Fortuna e Juça é a mais suja que têm né!?
- E a boa!? Qual a boa!?

Representando o papo de boteco!

Na volta, depois de encher o peneu, umas tentativas de corridinhas, sempre ouvindo aquele narrador pela saco do X-Games na sua imaginação:

BAAAAR SPIN!!!! NOSE GRIND!!!! Vamos vibrar!!! Vamos vibrar!
Ele é do Rio de Janeiro! E tá se direcionando pro caixote!!!
BACK SPIN!!! BAAACK SPIN!!!!! Excelent!!! Palmas para ele!!!!


As vezes o cara só faltava gritar “oh my god” no seu sotaque anglo-paulista. Mas o mais clássico era a platéia mesmo, que vibrava pra caralho e gritava os nomes dos cariocas, aplaudia os fodões de são paulo, ignoravam o catarina mesmo sob pedidos do narrador e vaiavam os argentinos…

Esse lance com os Argentinos é curioso…
Numa de minhas muitas viagens à Búzios no verão pude compreender muito do amor e ódio que cerca aos compatriotas do meu pai. Um misto de inveja dos ricos e raiva dos desordeiros. Mas o fato é que muito do turismo daquele Balneário era sustentado pelos turistas Argentinos, que “andavam com dólar”, e que diminuiram drasticamente este ano, falindo a porra toda.
O motorista da van que me levava pro Bavaria Vibe uma hora xingou pra caralho essa “gente”.

- Porra! O Cara fez a maior merda! Tinha que ser argentino! Esses filhos da puta vêm pra cá e não querem saber de nada! Secam a fonte, usam tudo até estragar!!!

Mais tarde porém, quando bebemos uma cerveja e um papo sobre as estradas que ligam a região dos lagos ao rio (a antiga, pública, fudida, esburacada e demorada; e a nova de alta velocidade, asfalto relativamente decente e uns dez reais de pedágio!) desambou na política o motorista deu outra opinião…

- Esse políticos de merda roubam na nossa cara!!! Entregam a porra toda! São uns safados! E a gente não faz porra nenhuma!! Tinha que ser que nem os Argentinos, que foram às ruas e botaram esses safados pra correr… Eles é que mandam bem…

Num sábado a noite, numa cidade sofisticada e cosmopolita como o rio de janeiro, cheguei da praia e do meu rolé de camelo empapado em sal, suor e areia e me atirei num demorado banho, com dreads e tudo. Lembrando daquelas férias no sul da bahia onde só tomamos banho de mar por umas duas semanas.

Viajei com uma amiga lésbica em sua fase mais hippie. Acampamos de graça numa daquelas barracas canadenses gigantes e laranjas no Jardim de um complexo de casas estilo orientais de uma produtora local. Mas aquilo era só nossa base, de lá nos largávamos para Raves há algumas horas de carro onde ficavamos por uns quatro dias vendo tudo colorido, se alimentando mal e ocasionalmente dormindo ao relento na redeou canga…

E éramos felizes pra caralho, certos de estar participando de algo único e muito importante…

Na volta, comuniquei as histórias e levei fotos para meus camaradas Tom Leão e Calbuque. E publiquei minha primeira matéria lá, “Trancoso em Transe” que eles editaram para “Transe em Trancoso”, mó maldade! Foi minha primeira matéria no Rio Fanzine, era sexta feira e aniversário da Door da Bunker. Todo mundo ganhou bala…
Saiu assinado como Matias Maximiliano, assim como uma outra matéria pro RF depois, a terceira saiu como Matias Maxx, que eu usava desde que publiquei umas fotos no JB, que aliás é o jornal campiâo de creditar errado as minhas fotos. PUTA QUE PARIU!

Adotei o Matias Maxx porque achava o Maximiliano muito grande, e também pela sonoridade. Na BiZZ sempre saiu Matias Maxx, o editor adorava! Há mais ou menos um ano atrás, recebi um telefonema de meu xará lá da Conrad, o Alexandre Matias, que me passou um trampo super agradável, fotografar o Neil Gaiman passeando pelo Rio… O crédito saiu Matias Maximiliano, assim como nas minhas seguintes colaborações para a editora Conrad. Depois do lançamento da PLAY número um onde fiz uma matéria sobre Latintronica questionei o xará em porque sempre colocar Matias Maximiliano e não Matias Maxx. A resposta veio no expediente da edição dois, onde fez uma gracinha escrevendo: “Matias Maximiliano pediu para ser chamado Matias Maxx, mas saca só, M-A-X-I-M-I-L-I-A-N-O, bem mais legal!”. Pelo menos esclareceu pros lokis que achavam que Matias Maxx e Matias Maximiliano eram pessoas diferentes!

O Calbuque, surfista, oceanógrafo, dee jay, jornalista e um dos editores do Rio Fanzine, casou! Como o casal é brodaço meu fui na Igreja, o padre se empolgou:

- O paraíso é como uma festa de casamento. A mesma felicidade. Não é a toa que Jesus escolheu uma festa de casamento para se manifestar pela primeira vez. Ele foi numa festa humilde, onde faltava vinho, e como não há festa sem bebida ele multiplicou o vinho…

Hehehehe… O cara sacou o pessoal que tava naquela Igreja. Jornalista e músico é foda! Jornalista musical e dee jay então! A boa é que sabemos que asseguramos goró no paraíso! Hmmm… e úisque, canapés, kani, sushi, tomates seco e pastinhas mil!?

O Tom Leão veio me dizer que concorda com meu xará, achando Maximiliano muito mais legal. A confirmação veio nessa sexta quando o loki esreveu uma matéria sobre “as novas festas que aportam na cidade” e manda o seguinte sobre a fiesta:

“Segunda tem festa Cucaracha na Casa da Matriz (Botafogo) com o inigualável Maximiliano, vídeos, zines e ainda participação dos Inumanos”

heheheeh…fudeu! Começou…

A campainha tocou, o maior encrenqueiro do bairro com dois colegas. Eles trabalham num shopping na loja de uma dessas grifes envolvidas em escandalos. Fomos admirar Botafogo Valley do terraço saboreando baguliex de distintas procedências.

- Eu sou eu, você é você e ele é o cara!

Vocês não vão acreditar, mas rolei um e deixei debaixo do monitor (de mac, com tripézinho) enquanto editava o texto. Daí noto uma cucarachita (de verdade não as desenhadas pelo goose) montada bem emcima da piteirinha do beck. Puta que pariu, ate os insetos daqui são assim.

Nenhum comentário: