22.9.01

Eu não sei - Garotos Podres (circa.1996)

"Esta é pra vocês que tão fazendo vestibular hoje em dia"

Não Não! Eu não sei,
o que vou ser quando crescer!

Não sei se devo,
assaltar bancos,
sequestrar aviões,
ou embaixadores!

21.9.01

SOLTA O CARA!

Puta que pariu! Eu sabia que era uma parada arriscada! Puta que pariu e eu sabia que o amigo tava voluntáriamente emendando roubada em roubada. A malandragem excessiva me irritava as vezes, mas a carinhosa e cumplice amizade vencia, ah! E tinha o respeito. O respeito de ter encontrado o único cara mais corajoso, louco, incosequente e irresponsável do que eu.

Era uma parada arriscada, mas tudo ia correr bem, era só não dar mole pro azar. Mas depois do segundo telefonema comecei a recomendar o "Abort Mission", "Isto está me cheirando a roubada", "cai fora daí, amanha a gente procura outro contato!". Mas o amigo disse que o cara tava atrasado, mas que tinha ligado, só isso! O vagabundo que tava com ele já tinha riscado e movimentado. Puta roubada, só faltava uma placa.

As trigêmias de Brasília discutiam com seu sotaque e termos bizarros, as minas pareciam mesmo dispostas a destruir a minha casa ou me expulsar dela, o que rolasse antes. Elas não bebiam, fumavam ou trepavam, nem diziam malaspalabras e eram magrinhas demais, mas exóticas, boas pro cartão postal. O Mamata tava querendo fazer o macarrão logo, cortei o gordo: "deixa pra quando ele chegar, se for prensolto denovo a gente refoga na madeira".

Beeem mais tarde, quando as trigêmias já tavam trancadas no quarto (elas tinham o costume de zanzar por aí nuas, sei lá!) a porra do telefone toca.

- já temo a parada, vamos dividir o k e rumar praí
- Cê tá maluco!? Ponte a esta hora!?? Não rola! Deve ter Blitz!
- Limpeza! Espera a tocha!

Foi algo mais ou menos assim, não me lembro direito.Era uma parada arriscada. Puta que pariu! Me lembro bem do telefonema seguinte:

- Cê até sabe o que aconteceu né!?

Eles tavam num ônibus. Puta que pariu! Ônibus! Cada um num canto, ele com o flagrante na pasta, traçando um danoninho na maior inocência. Os meganhas entraram pela frente e fizeram a cesta de chuá. E tem filho da puta que não acredita em X9!

Na delegacia, um babaca de algum jornal ficou enchendo o saco dele que retrucava fazendo careta pra foto, até muito puto soltar a pérola: "Porra! Já sei! Você é daqueles que copia Release!!!"

É que na semana passada uma vagabunda tinha me dito isso e deixado muito puto. Parece que esse reportér era o maior pentelho. Mas no trajeto até a delegacia tiveram vários telefonemas, negociações e finalmente um bolo em território remoto. Voltei daquele Leste Selvagem derrotado, enfraquecido e desiludido. Passei mal, não dormi e fui direto pra casa do Fred Raimundo, pra clicar ele pra BiZZ. Minhs mãos não paravam de tremer e ficou uma merda! Culpa, cumplicidade e a certeza de que se fosse minha pele, a coisa se resolvia com grana. Que derrota!

Visitei o amigo assim que rolou, na infecta 73, onde tiveram a piedade de colocar o mosca na cela dos Bíblia ("Seguro de cú malandro!"), um 3x4 com inúmeros piolhos do tamanho de um botão e mais de vinte crentes. Depois da revista básica o encontro rolava num pátio fechado, com as paredes furadas de bala, grade eletrecutada no teto e forte cheiro de merda. Todo mundo olhando pra baixo pra não arrumar encrenca pro lado de seu amigo. O Amigo manteve o bom humor, contou histórias bizarras e discursou como um religioso fanático, como sabia ler, ele começou a pregar a Bíblia pros detentos. Virou guru, enganou todo mundo, menos eu! "Aqui com um pouquinho de inteligência tu faz um estrago" confessou quando ninguém tava olhando.

Dai a gente fez vaquinha, arrumou um advogado da área e consegiu alegar que ele era um viciado irrecuperável e transfiriram o amigo pra um manicômio judiciário, com banho de sol diário (lá na 73 era uma vez por semana), futebolzinho, sinuca, tratamento psicológico, cama e rango pra todo mundo. Tinha também um computador pré-histórico que ele podia usar uma vez por semana sob desculpa de ser voluntário digitando "Metamorfose", um jornalzinho que circula nas cadeias, com poesias, textos e orações dos detentos. O cara fazia tudo na maior pressa e depois partia pro NotePad e o IE3.0 instalado na carroça, disse que desenvolveu um Purrinha em JavaScript que logo estará por aqui. Desenvoleu um clube da luta também, mostrou os machucados dele e dos amigos. Mas isso já é outra história…

Passam-se sete meses e finalmente rola a porra do julgamento semana passada. A gente fica sentado horas naquele Fórum sujo, povoado de canas pestilentos arrastando detentos pra lá e pra cá como peças de carne e advogados gordos e escrotos. Nada de assento de madeira lustrada pra platéia, teatrinho e perucas rídiculas. We're in the jungle baby! Tava todo mundo lá, menos os ratos de merda que pegaram ele e teriam de testemunhar contra. Mudaram o julgamento pra hoje, com todo mundo intimado a comparecer.

Hoje os furingos tavam lá e conforme acertado ateriormente, falaram que pegaram ele numa inspeção de rotina e só. A psicóloga e a médica do manicômio, conquistadas pelo amigo convenceram a juíza que ele era dependente, mas estava quase recuperado. Uma sócia da mega-corporação onde conheci e trabalhava com o amigo falou que sabia que seu funcionário era maconheiro, que inclusive ele tinha sido pego fumando na garagem com um colega (heehehehhe) pelo segurança do edificio, e que apesar disso ele trabalhava pra cacete e isso não afetava seu desempenho. Um ex-professor e muito próximo ao amigo também deu uma força.

E o Mosca voltou a voar! Tá na pista segunda! Foi foda! Vencemos esses hipocritas, com euforia e total descrédito no sistema, porque se ganhamos foi porque provamos que o cara não era um fudido. Só isso.

A cena mais escrota foi ver o rato de cinza, aquele que pegou o amigo sair de seu depoimento, aproximar-se de nós, lá mesmo no forum e dizer:

- Não tem justiça aqui... Você acha que tá numa democracia!?
Proibicionismo Surreal roubaram sete meses do meu amigo. E a cada dia rouba décadas da vida de jovens fudidos pelo Brasil. Use a inteligência e cague na Hipocrisia.
L E G A L I Z E J Á

Pra fechar, um som do Catra:

Vida Na Cadeia - Mr Catra

"Liberta Coração! Liberta Coração
A vida na cadeia amigo não é mole não
a vida na cadeia não dá nem pra imaginar
acredite meu amigo só vendo para falar

na mão do delegado ele tem que responder
não importa o motivo já sabe que vai sofrer
o elemento vai depondo o que aconteceu
escreveu não leu oi meu amigo pau comeu

chegou na carceragem vem a recepção
é dificil meu amigo a divisão de facção
de um lado só amigo, do outro só alemão
todos eles vêm sofrendo dia a dia na prisão

É Bangu I É Bangu II,
Força meus irmãos a liberdade os espera
Agua Santa Frei Caneca Sá Carvalho e o Galpão
que o justo amenize a dor no seu coração
Lemos Brito Hélio Gomes e a colônia de Magé
para todos os internos muita paz, amor e fé
Ilha grande acabou mas também teve sua história
pois lá muitos sofreram e ainda guardam na memória

Autoridades Competentes por favor tenham dó
Atravessem os internos para um mundo melhor
ajudem essas pessoas a ter recuperação
para que um dia possam ser chamado cidadão

No dia da visita é que é dor no coração
é ver os mais queridos passando humilhação
eles revistam seus parentes como fossem animais
até o respeito amigo não existe mais..."


20.9.01

WAR IN A BABYLON

Há anos abandonei a televisão, arrancando-a do meu quarto para dar mais espaço para meu micro e som. Quando fui morar sozinho, acabei ganhando uma TV, que passou a ficar constantemente ligada pelas hordas de vizinhos viciados que passaram a frequentar o apê. Mas isso é um fenomeno que rola no fim da tarde, assim que na maior parte do dia a TV fica desligada, afinal não rola cabo nem video.

Na manhã daquela terça feira encontrava-me largado na cama acompanhado de "Uma estranha realidade" do Castañeda quando um telefonema me fez ligar a TV para assistir os estados unidos sucumbirem a um múltiplo ataque suicida sem Kurt Russell ou Steven Seagle pra salvar a pátria. As primeiras reações combinaram o extâse de ver uma fantasia infantil realizada com toda aquela raiva e rancor terceiromundista bem guardados e disfarçados. Mas logo veio a reflexão que salvo as centenas de milicos de merda mortos no pentágono, tratava-se de milhares de mortes inocentes em New York, a capital que me seduziu em Julho, a ponto de por pouco não me fazer ficar.

Eu não sei se foi alguma insegurança ou a vontade carnal e histérica de prosseguir a viagem que não me fez ficar mais tempo em NY. De qualquer maneira, corri para o e-mail e telefone, tentando localizar os amigos que me trataram tão bem naquela viagem Também liguei para minha chica no hemisfério norte, ela trabalha num aeroporto, tinha sido dispensada e junto de toda a população dos E.U.A. encontrava-se chocada, ela foi bem direta:

- Matias! Seu filho da puta! Sanguinário! Sádico! Insensivel! Eu sabia que você ia me ligar! Milhares de inocentes morreram e aposto que você deve tar feliz da vida! Você deve tar gozando!! Você já deve tar bebado!

Bebado ainda não, mas um vizinho na hora do almoço do trabalho preparava-se para estourar uma bomba na sala. Acontce que essa garota é da paz saca!? Ela é daquelas que ainda acha que a gente pode conseguir a revolução pelos meios condicionais, repudia a violencia e agressividade humana e acha as reencarnações e mil e uma noites da cultura oriental uma beleza. Como eu penso um pouquinho diferente nós sempre fomos chegados a longas discussões, ela com a experiencia de quem viu o sistema socialista ruir pela maldade de um ditador e o sufoco de um embargo economico e eu com a experiencia de quem já rabsicou muro, jogou pedra, falou pra caralho e leu alguma coisa… sei lá… Desta vez ao invés de engajar-nos naquela discussão sem fim repensamos aqueles planos de juntar uma grana e tentar tocar a vida em New York, cidade cosmopolita maravilhosa que tem o azar de estar no país errado, destinada a sofrer o resto da história em paranoia.

Pensando a respeito dos Estados Unidos., onde salvo New York, California e um ou outro estado ou capital trata-se de um vasto território ranchero populado por caipiras devidamente representados em seu congresso cowboy e conservador. Um país interiorano tocando a história da humanidade, mas não por muito tempo.

Sai para tocar o bloco "música do terceiro mundo", do programa LOUD! da Rádio Interferencia da ECO-UFRJ. Após aquecermos no bar do campus, usando garrafas de guaraná para disfarçar o proibido consumo de bebidas alcóolicas no lugar rumamos para o estúdio, onde coloquei "Sidi H'Bibi", hino arábe do Mano Negra, "Hasta Siempre" versão do King Manfrudi pro clássico tributo a Che Guevara de Carlos Puebla e "A Original Dança do Patinho" do Funk Fuckers. Tudo muito temático a apropriado.

De lá parti para o Puebla Café, o mexicano da Cobal, onde permaneci umas quatro horas, testemunhando indas e vindas de vários casais, devorando Tacos, Nachos e Micheladas com a certeza de quem vai se fuder quando a conta chegar. Mas não é que miraculosamente sobrou dinheiro!? E isso sem que eu tivesse tido tempo de participar do ratátá, os remanescentes não entenderam direito e ficaram meio sem jeito. Resolvi tomar uma atitude:

- Vamos deixar pra ela ela foi paciente com a gente, ela merece! É linda! Maravilhosa…

Eu não sei… Geralmente eu sou um cara tímido, mas a dose certa de bebida me deixa dessa maneira, encabulando todas as chicas solteiras, como era o caso da bela garçonete de cabelo afiado e quadril armado. Pena que o limite é muito tênue, um drink a mais e eu tou desnorteado, fazendo um bando de palhaçada.

Na Quarta o apê do rock, tornou-se congresso dos maconheiros do bairro com o atentado em pauta. Enquanto a sala era bombardeada de mato queimado, opiniões anti-imperialistas e afirmações como "Porra! Podiam ter sido as duas torres de Brasília!" ou "caralho! Ouvi dizer que é Carnaval em Cuba", na mesa principal o ilustrador do Cucaracha, Gustavo Goose, preparava os croquis dos personagens de nossa HQ, sob observação do também cucaracha Zé Colméia. Em outro plano, um vizinho mais fanático estudava o mapa do Afaganistão, concluindo que trata-se de um paiseco tosco, desértico e acidentado, quase impossível de invadir. Alguém soltou a pérola - "Tem coisas que só o Oriente Médio faz por você!".

Quinta e Sexta seguriam o fluxo de expansão da mente em frente a TV. Enquanto milhões de idéias fervilhavam, e nenhum músculo era movido para comprir obrigações como a conclusão de uns Freelas e o roteiro da HQ. Dai eu encontro esse meu amigo filipeteiro que me descola uma entrada pra Rave Exxxperience do Ricca Cabral. Vamo lá!

Indo de Pablo Picasso, o trance fica super agradável e você não consegue sair do pequeno espaço que escolheu para loopar a batida. Aquela preciosidade maravilhosa que já foi apaixonada por você tá na area. A inocência de seu rosto e corpo de menina, trajado com meia sete oitavos e sainha é cortada pela maquiagem pesada e a certeza de suas ações. Agora ela cresceu, sobreviveu e seu estilinho é europeu, não vale mais a pena ficar gamada por esse maluco que a esta altura está vendo as cores da realidade separando-se como numa fotolitagem.

Matias Maxx, o freak de calça camuflada que vaga incomunicável pela Rave, pisoteando a lama como um guerrilheiro da FARC na Amazônia Colombiana. Desfilando com a certeza e empenho daquele que de Turbante e Fuzil AK acredita-se capaz de enfrentar qualquer exércit Yanke, nem que seja necessário explodir junto com ele.

Se meu último encontro com Picasso havia sido de total onda errada, desta vez eu não conseguia desligar o fluxo de visões, que apareciam rápido demais para que eu pudesse comprende-las. A realidade é que eu queria um Ecstacy, droga muito mais apropriada para uma situação destas, onde você quer socializar e transar. Mas não tinha e acabei detonando aquele Picasso há muito guardado, mesmo tendo prometido que multidões e sons repetitivos não combinavam com esse tipo de alucinógeno, diferente do Hoffman que me colocou em contato com toda a essência das Raves de trancoso. Talvez o surrealista tivesse algo pra me dizer, mas as condições eram adversas demais a observação.

Voltei estirado no ônibus tal qual uma peça de carne num caminhão frigorifico. Com a certeza de ter disperdicado uma bela oportunidade de reflexão, e a vontade de salvar a noite num Chil Out. Depois de marchar cabaleante junto dos primeiros atletas dominicais e turistas em Ipanema, consegui voltar ao bairro, em direção a casa do amigo filipeteiro que começou com tudo.

Na banca de jornal, comprei o JB e pude me ver na Revista de Domingo, deformado pela grande angular do fotógrafo xará, mas bem emoldurado pela vista da cidade maravilhosa. Pena que o Luciano não usou a maioria das coisas legais que eu tinha falado pra ele, aquelas minhas teorias de que a Internet é nossa, e não desses bundões das corporações. Mas deixa pra lá, aquilo lá é mais um link, e seja lá quem for que acessar só vai curtir se tiver a mesma afinidade revolucionária.

O Chill Out tava cheio de pessoas estropiadas portando incensos e baseados. O único que parecia realmente disposto era o Dee Jay, no mais aquela incomunibilidade latente e um casal de lésbicas em crise existencial. Depressão Freak Show 2001, tudo que precisava!

Chego em casa por volta de uma hora de domingo para surprender-me que a obra no apartamento em frente está em pleno vapor. Desde que se mudou há um par de meses, a gorda dona de casa comanda a série de interruptas e misteriosas obras, horas a fio de segunda a domingo. E que barulho os cretinos fazem, pra combater só com dub muito, muito altoBatizei a coroa ganhou o apelido de "Capitã do Mato" e a misetriosa e interminável obra de "canal do Panamá".

Passei o resto do dia enfraquecido, estirado na cama ouvindo som e tendo sonhos bizarros. Tinha essa mina que era alguém bem familiar, só lembro que era loira e tinha corpo dourado, parecia uma espécie de celebridade, mas na real soava como alguém que eu tivesse pra conhecer. Eu vencia um obstáculo e ela aparecia, dava um beijo e sumia, dando espaço a novos obstáculos, cada um mais bizarro que o outro num Loop que eu não conseguia combater, mesmo sonhando acordado.

Segunda feira não foi muito diferente… Com o diferencial que recebi visitas trazendo beises e cervejinhas que devorei entediado, até que aburrido me dei conta que não tirara os pés do apartamento o dia todo, e mesmo sendo pra lá de uma hora e estar chovendo me enfiei em três camadas de roupa e parti pra casa da matriz, pra maldita, a festa cujo tema é "comece a semana se acabando".

Alguém disse que o apocalipse é um ótima desculpa para tocar uma suruba, de fato a casa estava cheia de gente montada, animada e embebedada. Mas tava estranho, eu não tava conseguindo me sentir a vontade, tentei dançar e bebi. Mas algum desânimo tava tomando conta de mim, e eu não conseguia prender a atenção em algum broder por mais de dez minutos, a gente trocava umas idéias, depois partia seu lado.

Até que eu foquei os olhos nesta menina de dread, olho claro e inúmeras tatoos. Eu não sei quem deu a primeira palavra, mas a irmã dela, uma menina bem nova, me apresentou como "o fotógrafo Alexandre Matias", uma coleguinha de mais ou menos mesma idade completou "ele estudou no Zaccaria! Eu lembro!"

Dai foi aquela complicação pra explicar que eu era o fotógrafo Matias Maxx e ela desculpando-se, dizendo que eu não era quem ela pensava, o fotógrafo Alexandre Matoas. Tentei consertar explicando que eu era o fotógrafo e que o Alexandre Matias era um jornalista de São Paulo. O fato de eu conhecer o tal do outro matias só complicou mais a cabecinha das meninas, que logo dando sopa pra eu trocar algumas idéias com a mina dos dreads, profundamente decepcionada com o rio de janeiro e decidida a partir pro interior da Bahia bem em breve. Manjada fuga da desgraça do mundo, cada vez mais comentada por amigos worldwide, pode ser encarada como coragem ou covardia depende do contexto.

Mas esta mina de Dreads não parecia ser uma pessoa covarde, na real ela tinha bastante atitude e pulso. Mas uma misteriosa ferida, algo extremamente particular que a pertuba, mas ela guarda com segredo, com o poder de disfarçar facilmente a qualquer questionamento.

Puta que pariu! Ser curioso é mesmo uma grande merda!
A Semana virou, como meu broder Emerson Gasperin disse, cada um achou que o atenatdo teve uma influência em sua vida, o leteriro "famous pizza" de um dos videos do atentado parece até sacanagem. Meia caixa já foi, minha garganta sarou e o narguilée virou default denovo, mas não dá pra ouvir Rabanes ou Fermin Muguruza muito alto, eu perdi o aniversário da bunker mas preciso de algo mais. Ouvi dizer que o Marky toca hoje na Bunker, enterra dos ossos de ontem. O segurança é um merda. Mas lá sempre é limpeza. A buker era massa no primeor ano, quando desbancou a Guetto, que era foda, o primeiro e segudna aniversário eu tive, ontem dei mole, hoje tou lá!

"Me falta el Aliento, la culpa y la pasta, la gana de ver-te, en canto y la dor de mis ojos"
Estopa - Me Falta El Aliento

"Bere Bar"
Fermin Muguruza - Bere-Bar

10.9.01

360 Sushi Bar - A Taste of SONIC360.COM
Neste site você vai ouvir o que tá rolando de mais interessante por aí na onda eletrônica em Tijuana, Buenos Aires, Tóquio e até mesmo Londres. O Visual é alucinante mas tem que ter uma conexão violenta, flash e QuickTime e pra alegria geral o site é completamente Mac-friendly. De qualquer maneira também tem uma versão html do site.

O pessoal dese site também é resposável pela "La Leche", festa residente em londres, New York e Los Angeles com o melhor da Latintronica. Tive a feliz oportunidade de conferir uma edição em New York com Live Act do Fussible que foi mágico, e o Dj Zen (o dono da festa) desaparecendo com a linha de geral quando mixou Santana com DnB. Tinha também várias projeções, uma go-go-girl asiática, vários amigos PuertoRiqueños e Venezuelanos com um fumo do Queens, um X fajuto, a Hostess Oli com sua pistola de faíscas e aquela Russinha. Mas isso já é outra história...

Um dia a gente faz aqui no Rio! Ah! Faz sim!

Falando nisso o pepe mogt do Fussible acabou de me mandar um e-mail com um Mp3 da Intro da apresentação deles lá em Ibiza é o que ele chamou de downtempo nortec. Não sei se era pra divulgar mas foda-se, é pra baixar enquanto rola.

Realidade Alterada

Vou logo avisando, quando terminei o texto tava tão de saco cheio que não quis revisar, nem deixar pra fazer isso amanhã, porque perde a graça, e além do mais, não é nada de mais…

Quando não se têm mais patrão o conceito de "feriado" deixa de ter muito sentido, no entanto as transformações no meio (a maioria da população ainda está empregada, ainda!), estradas engarrafam, noites bombas, o centro esvazia e chove. É batata! Sempre em feriadão, principalmente se fez um sol de rachar coco na semana toda.

Neste feriado las ganas eran de viajar… mas venho evitando esse meu impulso atirado para plnejar un poquito mas as coisas. E além do mais eu tinha um deadline estourado para um freela bom, que em condições normais eu conluiría em horas, mas que até agora não tem avançado muito. E isso não é tudo, sempre tem mais. Sempre tem várias pendências. Puta que pariu!

E o que sucedeu foi aquilo né!? Muita fiesta introspecção e intromissão, tudo empulsionado por aquelas concidências, um esbarrão na rua, um telefonema inesperado, ou aparição no ICQ. E tarde e eu tou no micro, setando a máquina para que a conexão a cabo funcione na moral com o HD novo, a campainha toca e são os vizinhos com muita cerveja e muito bagulho.

Uma música capturada no MacTella (software de file sharing pra mac tenebroso) leva a uma página onde baixo mais sons, enquanto sigo uns links até que aparece um banner que me fez lembrar uma coisa que me levou a uma pesquisa no Google. Ai fudeu, você pode perder-se muito fácil, ou cair nuam cilada com muitos loops, banners, popu-ups e caô, caô!

Mas se você focar, você consegue achar coisas maravilhosas, entonces deixando todas a sresposnabilidade e compromissos profissionais de lado, resolvi mergulhar em releituras de coisas antigas, incompletas ou inacabadas e em pesquisas sobre novos temas.

Tem "Pit Boy", completo com 51 páginas, que eu até hoje não sei direito porque deixei de lado e nunca toquei pra frente. Tem "Casa de Praia", incompleto com umas 30 páginas porque eu nunca consegui pensar num final maneiro e finalmente o querido "elevador", curtissímo, de umas doze páginas e que só têm um diálogo super gostsoo num cenário que eu amo, mas que na verdade é completamente sem pé nem cabeça.

Dai eu desenterrei da cuca uma história que eu tinha bolado em 1999 e chegado a rabiscar algumas páginas, mas esquecer. Imprimi a porra toda, e tendo uma reimpretação do tema original dessa história dei um jeito de fechar a história em três partes e um epílogo, e em cada parte usar bastante coisa dos outros três roteiros. Dessa maneira dá pra amarrar todas aquelas idéias muito legais com uma história completamente atualizada e sintonizada.

Não quero falar muito, porque na real eu avancei muito poucas páginas, apesar de ter rabiscado na cuca e no micro o que que vai rolar, mas uma vez que eu tenho o hábito de largar as coisas assim… Vai ser basicamente a história de um carioca que depois de perder o emprego numa dotcom resolveu virar artista, só se fudeu, mas foi levando até que na vespera do carnaval rola uma proposta muito tentadora, mas é for a do rio…

Sei lá, pode parecer babaca pra caralho! Mas eu tou empolgado e escrevendo, acho que nesse ambiente dá pra explorar bastante coisa, detonar o corporativismo sob uma visão das bases que de todas aqueles clichês de exploração ao trabalhador pregado pelos sindicalistas clássicos só não tem de suportar o calor das caldeiras, o resto é tudo igual. E øbvio tudo isso contado com aqueles elementos mágicos, sexo, drogas, violência e música. Ah! E uma porrada de situação escrota pra caralho que eu presenciei, participei ou ouvi falar mas coloquei assim mesmo só mudando os nomes e aumentando. O nome da parada: djangobroder. Lógico!

Puta que pariu! Acho que eu tou falando demais. Eu devo tar carente! É isso! Acontece, às 3:23 da manhã de segunda feira fumacenta com a rádio fora do ar. Ah sim! Ando escutando a Batanga (http://www.batanga.com/) excelente site com várias rádios em Real Audio Streaming focadas nas diversas vertentes de música latina. As minhas favoritas são "Rap,Hip-Hop,Reggae", "Alternative Rock" e "Top 40", a rádio "Dance/Techno" as vezes manda uns lances pdoerosos do Coletivo Nortec ou do Titan, mas vacila pra caralho com umas farofadas sinistras. Ah! E tem Salsa, merengue, Mariachi, Norteño, Tango, Pop, Classic Rock… O Site é bem naquele estilinho portal-projetado, todo eficiente, com conteúdo, promoções e é claro "one-click shopping". Uó! Tou escutando há umas três semanas, tudo bem que depois do terceiro dia você começa a se ligar que "Baby Rasta", "Vico C", "Orishas", "Los Pericos", "Los Rabanes" e "Julieta Venegas" tocam o tempo todo. Mas tudo bem é bom pra caralho mesmo assim.

Hoje mesmo fiz uma pesquisa na Internerd parte focada num quadrinho que eu tou agitando em passos de tartaruga junto com o compadre Goose, digo parte por que qualquer pesquisa na Internet dá numa porrada de links e já sabe... Descobri coisas bem interessantes:

- Quino - http://www.quino.com.ar/
Página oficial do grande mestre do cartum argentino Quino, criador da contestadora mafalda.

- THCi The Honest Cannabis Information - http://www.thc.nl/
Site holandês que avalia a maconha e haxixe do mercado holandês. Fotos deliciosas de tabletes de haxixe de toda qualidade e pertubadores camarões de todo tipo de Skunk, do Northern Lights ao White Widow (ai que saudades!)

- Nortec - http://www.nor-tec.org
O novo som de tijuana é um híbrido do popular norteño (o som ranchero deles) com a eletrônica, tudo meio lo-fi, meio fuleiro… Neste site muchas informações e alguns Mp3z e RAs pra animar a fiesta.

- NaCo - www.chidochido.com
É a grife de um Loki de Tijuana que eu conheci em New York, pra que não sabe naco é o nome dado no méxico ao fuleiro, fudido, mulambo whatever mexicano.

- Índios da América do Sul - http://orbita.starmedia.com/~i.n.d.i.o.s/ias/ias.htm
Curso de um professor da UnB, cheio de bibliografias e pá…

- Secão de Fotos do Amerika Perdida Zine - http://orbita.starmedia.com/~amerikap/fotos.htm
Várias fotos de vários cantos da América Latina. Parte do Amerika Peridida Zine, de uma companheira Argentina.

E tem muito mais de onde veio tudo isso, além de vários Mp3s e Videos recheando o novo HD de 40 Gigas. Tudo culpa de uma tosse desgraçada que me fudeu nestes dias, fazendo-me aposentar o Narguilée e fazer o vizinho se sentir numa clinica de tuberculosos. Puta que pariu, amanhã preciso me lembrar de comprar mel com própolis. E se não der certo eu tento a Ayahusca, porque "Antibiótico e Anti-Inflamatório" amigo, nunca mais! nunca mais!!!

6.9.01

BOLUDO

Estes dias tive dormindo malzão, suando as bicas, longe voluntariamente de mãe e circunstancialmente das chicas maravillosas que eu amo. Acordando muito tarde e muito puto com o relógio, num cenário maravilhoso montado num fundo falso.

Quando a light disse que o consumo do mês de julho, quando eu estava no exterior, longe do apê do rock, foi maior que o de junho, quando eu permaneci tocando aquelas festinhas com som e micro ligado eu decidi que ia torcer pra Argentina neste jogo. Tava muito puto com o "flow" de tudo, e cada vez mais estressado e paranoico quanto a esse papo de racionamento. Decidi que a Argentina deveri esculachar, e o bRasil ficar fora da copa, de maneira que o mês de julho de 2002 seja ocupado por churrascos, guerras civis ou campeonatos de pelada. Ah! A copa é no Japão, são doze horas de diferença mermo…

Imagina algum oriental ganha essa copa, sei lá esses japoneses tão estudando esse sesporte já tem um tempinho, ningu´m sabe od que os caras são capazes agora jogando em casa. Se não tiver ninguém da sudamerica valendo a pena no campeonato, é certo que o titúlo é merecido pra algum africano, aquele continente perdido, onde o futebol ainda é selvagem, e se não fosse pela música, não era salv nem pelo Tarzan.

Daí quando a Argentina, aquela pátria de meu pai que sempre me agradou pelos seus grafites e ações diretas, cagou no pau geral, deijando a dolarização surtir seu efeito final, cagando a economia e disparando o desemprego geral desejei que o jog terminasse num deprimente zero a zero mesmo. Sei lá, dizem que esses momentos inspiram… tipo assim…

Tava no "Rouba mais", apelido do mercadinho cross the street, suprindo-me de cervas e otras laricas quando alguém ligou perguntando onde ia assistir o jogo. Logo a geladeira tava abarrotada das brejinhas e a sala repleta de tetosterona que apesar de toda pose foi incapaz de remover o enfeite que eu tinha feito obre a TV, com as camisas das seleções Argentina e Brasileira.

"Foi Gol Contra!" Disse Arnaldo Cézar Coelho Indignado na sequela daquele primeiro pseudo-gol da argentina, e eu fiquei feliz, pois assim o Brasil ganharia os pontos e tal, mas a manchete seria humilhante de qualquer maneira. Mas mesmo com todas as cervejas, bongadas e beques seguintes o final do jogo foi bizarro, dando num empate, uma virada (de gol contra) e o placar fechando em 2x1. Enquanto o pueblo decidia esquecer na base da verdinha, preparei um penne tricolore a napolitana e talz…

Eu vivo dizendo que meu neto vai achar que eu sou o maior KOzeiro quando lhe contar as histórias daqueles verões praianos na bahia, no rio, em manaus, na flórida, no caribe e por aí… E na sequencia do jogo, no jornal nacional anunciaram que a bancada conservadora do congresso, mesmo mediante uma fudida oposição e uma e outra manifestação aprovou uma lei completamente anti-ambientalista e pró-ruralista. A area amazônica permitida para a devastação passou de 50% pra 80%.

Em 1992, a cidade maravilhosa sediou a conferencia pelo meio ambiante A recém inaugurada linha vermelha sustentou tanques apontados pras favelas e o aterro do flamengo foi transformado no maravilhoso "forum global". O pessoal da minha escola (eu tinha doze anos e tava na sexta série então) participou dum daqueles "desfiles ecológicos", me lembro que cada um tinha de bordar uma bandeira na aula de educação artistíca pra carrear no ato. Geral fez coisas manjadas anti desmatamento, lixo nuclear (luta ecológica importada da europa), queimada e caça predatória. Eu fiz um passarinho escapando da gaiola. Ainda devo ter esse estarndarte em algum lugar, sei lá… Sei lá, sempre teve aquele papo do pessoal pegar os animais selvagens e escravizar, e eles se fodiam e tal… Mas o básico era aquele strugglle pela liberdade, ¿cierto?

Daí eu passiei pelo forum global com muchas outras crianças carregando estandartes e interagindo com atores homossexuais e fotógrafos mau-humorados. Me lembro que um gringo hippie e nudista apareceu na cena com uma camêra de video e levou um sacode do inspetor do colégio, bancando o segurança da situação.

Enquanto isso o Mano Negra se apresentava na lapa, do lado do Jello Biafra pra uma multidão de Lokis que certamente tiveram suas almas tocadas…

Os fudidos zenófobos lamentam a derrota brasileiram condendando os boludos e promovendo as riquezas naturais do brasil. E o telejornal me diz que essa lei devastamentista é sinônimo de progresso e combate a crise. Em que século estamos!? A chapa esquenta bem além do nervo colonial, exploratório e mineral. A putaria está na hipocrisia que dispara o colapso social e na inunidade que alimenta o sistema mafioso.

Pra eles é assim:
Tape o buraco o sudamericano requesting o FMI. Esqueça os martires e a massa culturada manifestada, alimente o entreguismo e aceite a ALCA.

Lamentavelmente este é o nosso terceiro mundo… Resistir é inútil, solução certa é sintonia… Sintonia… Sintonia…

Outro dia apareceu um bonde aqui em casa pra fumar. Era sexta feira e eu acabei deixando de ir na Febre, altos papos, sacodes e exibição do vídeo da EcoSystem1.0 para o Pueblo. Uma chica era atriz e pareceu interessada em me ajudar nuns projetos de DV que eu tou tendo. Tinha também uma chica que eu tinha clicado no meu único ensaio de moda, e que apresentou-se disposta a fechar os meus locks. Tinha um cara com os locks feitos por ela que ficou de cara com o som que eu coloquei (Sargent Garcia, P-18, Orishas, Rabanes, Manu Chao) e disse feliz da vida que tinah descolado um cd do mano negar, "a banda do manu chao".

Eu, naturalmente, e sem maldade alguma retruquei: "sei! Tenho todos os CDs…"

Tipo assim, o cara não sabia que eu era fã e tal, e ficou sem gração… Fiquei mó sem graça, até que o cara abriu sua bolsa e ofereceu um CD pro Mamata (que então tava comandando a discotecagem)…

Assim que os primeiros acordes soararam o loki me abordou:

- Conhece Belle And Sebastian!?
- Porra! Acho super caído!!!

E não era esse o som que o filho da puta tinha acabado de pedir pra por!?

Acabei tendo de apresentar o Orishas pro cara.

- Ouvi dizer que esses negões tão por aqui no Free Jazz.

Ah! O Clipe de 537 Cuba é lindo…
Outro dia me perguntaram:

- Porque todo esse amor por la Isla, você teve lá!?
- Não, mas casi…

Ivy Queen Rulez!

It happens! São quase medianoche, o DnB me chama!
Besos!

4.9.01

A\/\/AY


Si yo se, estuve sumido. Mas é que a vida recuperou aquele ritmo de freaky freelancer da selva de pedra carioca, uma caliente festa ali, discussões interessantes, viagens a estado de realidade alterada e etc. Ontem o Luciano Viana e o fotógrafo Max (outro! outro!) vieram fazer uns clicks pra uma matéria pra revista de Domingo. Foi bem divertido, pena que eles não gostaram do meus dreads nem do meu Bong, mas tudo bem, sairam de casa me prometendo muitas muchachas. Ha! Pelo menos isso!

Ele disse pra editora que eu fazia um Blog que era exclusivamente pra viagens, eu disse pra ele que eu sou um zineiro que descobriu que os blogs são mais populares que os zines e pra isso conta suas trips via Blog. Vamos ver o que o broder vai colocar, hehehehe...

De qualquer maneira ainda tenho que contar a história do Fiesta Cucaracha e uns outros acontecimentos tão revoltantes quanto apaixonantes. Nomais o ritmo abudante e irregular de sempre.

Tenho de ir! Mas antes uma mensagem pra quem tá de plantão!!! Estou rumando pra Rádio Interferência, onde vou ser convidado especial de um programa que o o Zé Felipe (da Maldita) e o Aúreo (da LOUD!) tão armando lá. Se você mora nas proximidades da ECO (Escola de Comunicação da UFRJ, campus da praia vermelha) tenta sintonizar, FM91,5, aqui em Botafogo tá pegando uma beleza. É isso, ótima oportunidade para disfrurtar de som de primeirissíma em plena FM. O programa rola as terças a partir das 20:00

ValeuZZZ _\|/_ _\|/_ _\|/_