8.2.02

bin laden e carl cox por todo lado

Numa rodada de sueca de xadrez quatro é defuno e três é alemão. Pro djangobroder este carnaval é cabalístico, justamente quando você planejava fugir da cidade para evitar o fiasco do carnaval passado (shows ruins, anfetamina e pilhaerrada demais) a programação off te seduz como se voc estivesse de volta a 99 ou 2000 novinho em folha, mas daí pinta um trampo eletrônico para a maior parte do carnaval e você decide que sexta e sábado você vai aloprar...

Daqui a pouco têm Cassino e capixabas no Ball Ruim, Charanga 3D em algum lugar, o soldado do funk B.Negão na lapa e o Soul Slinger na Febre. Amanhã tem blocos e mais blocos. Hoje no centro mochileiros chegavam de todo lugar do mundo (muitas turistinhas japonesas de bolar fãs de Hentai), sacoleiros e ambulantes de todo estado rondavam a Rio Branco já montada pros desfiles. Gente querendo sair da cidade deseperadamentre, gente chegando cheia de tralha, euforia e tesão; e gente tranquila, bebendo pelos bares. Uma marchinha a cada esquina, a menina do caixa reclamava que hoje ninguém podia faltar ao ensaio da Portela, e por isso teria de ir trabalhar virada amanhã. Ontem, num bloco da praça Mauá a mesa onde minha mãe se emborrachava com amigas (dessas que te viram de calça curta e cabelo romeuzinho) foi abordada por maluquinhos ligados a algum bagulho do governo que distribuiam camisinhas. Todo mundo aceitou, e depois foram entregando as ripinhas de três camisinhas pra mi querida madre - ah! dá pro Matias!!! - Ainda bem, que eu não tava lá! Seria constrangedor! Bem, pelo menos se tudo seguir no seu ritmo não preciso passar na farmácia por alguns meses.

As nove e vinte já é carnaval, que que eu tou fazendo aqui!? Bem, já liguei pra quase todo mundo que precisava, mas falta alguém. Carnaval é foda! De paz com o sol então não sei o que vai ser, mas como dizem os MCs "pode vir tô preparado!"

7.2.02

DJANGO DE PEDRA E SOM

Trabajo, Trabajo, novo trabajo. Quem disse que a vida longe das corporações ia ser fácil!? Prazos, prazos! Quem mandou vacilar!? Atrasou!? Agora aguenta! Qual foi a última vez que você ficou uma semana sem tomar banho!? Ou ao menos, apenas banho de mar!? bah! Disseram que faz bem pro cabelo!

Em uma semana fiz seis entrevistas, média miserável pra quem não conhece as figuras, cada uma mais complicada que a outra, culminando no Cucamongo Marcelinho DaLua, que eu tive que praticamente sequestrar do Humaitá pra Peixe pra clicar e entrevistar. Mesmo assim, ficou faltando alguma coisa, não do Broder lunático, uma pautita lá e um detalhe aqui. Puta que pariu! O editor vai me matar!!!

Mas não dava pra pensar muito nisso, eu tinha que terminar um vídeo mezzo-institucional mezzo-documentário sobre a LOUD! O cerco tava se fechando, e numa quarta feira de faxina eu acordei com o interfone, era minha adorável produtora arrancando-me da cama ao mac.

JKL IO e a Spacebar são o segredo do Final Cut, pelo menos pra quem ainda tá engatinhando. Eu tinha retomado a edição do vídeo (que eu já tinha começado semanas atrás mas perdido no apagão) sozinho na terça de manhã, nessa noite fui visitados pelos colegas da LOUD! com muitas cervejas de maneira que já tinhamos evoluído bastante e eu estava com uma ressaca daquelas. Mas a Mariana é uma mulher maravilhosa, e soube aparar todas nossas viagens e teve uma idéia muito maneira pra abertura que mesmo com Filipeta voando pra tudo que é lado renderizou tranquilamente. Lá pelas seis o povo da LOUD! começou a aparecer para as discussões e mudanças. Uma meia noite o garoto Juca apareceu lá em casa, assistimos "Medo e Delírio em Las Vegas" pela enésima vez enquanto esperavamos o render, a Mariana e parte do bonde da LOUD! já tinham caído fora, restava só o Daniel K, o Juca e eu. O filme certamente inspirou mudanças de última hora.

Tinha acertado com o Juca de ir à Bunker conferir o Soul Slinger, o grande culpado pelo delírio sem medo de Matias Maxx em Manaus. Porra! Eu tinha que ir ver o cara! E o fato de serem quase quatro horas da manhã, estarmos bem bêbados (ou você acha que tinha bebida mais nobre que cachaça pra por no Flash Power!? Até tinha, mas era tequila, tequila só no gargalo!) e que alguém passaria no apê pra buscar a fita VHS da LOUD! as nove horas da manhã era irrelevante! Foda-se! A gente tinha mais é que se divertir.

A partir da praia de Botafogo é muito mais rápido sair do vale, no caminho passamos no podrão do X-Fran-Ploc, um sanduiche de peito de frango desfiado frito com catupiry vendido numa barraquinha de lata imunda frequentada por todo tipo de criatura da noite de Boy Ploc ao bonde do Bellet ou do Rajá.

Não tinha Fran-Ploc, não tinha porra nenhuma. Mal presságio! No RPG nenhum deslocamento rolava sem um encontro, seja com Goblins comédias ou Chettaras cascudas, é o que vamos ver.

Entramos num desses ônibus do aterro que seguem numa reta pra bunker, sentamos lá pela frente e ficamos falando abobrinha, em como deveriamos agir se a festa estivesse caída ou um de nós chapasse. No Rio de Janeiro você tem que estar sempre preparado pra tudo.

Uma voz no assento de trás mumurrou sinistramente - Passa tudo!

Você tem que estar preparado pra tudo, pro pior. Eu tinha uns dez reais mais uns trocadinhos e meu celular, além de todas aquelas merdas que um carrega na carteira, o Juca não devia ter mais que dez reais também. Tinha que me preparar pro pior, o cara podia estar armado e acompanhado e a única maneira de descobrir isso era reagindo pacificamente para ver como o cara intimaria. Levantei! O ônibus nem tava tão vazio, ninguém se mexeu, ninguém olhou - o cara estava sozinho!

- Abaixa porra é um assalto!!!

Dava pra ver nitidamente que o negão três por quatro de cara amarrada estava com o punho fechado por debaixo da camisa, simulando um volume.

- Vamos sair daqui Juca!

Deixamos o banco e fomos pra frente, vi que o cara ficou bolado e o trocador lá atrás deu uma risada. Paramos na frente do ônibus, o Juca ocupou o primeiro banco e eu fiquei escorado nele meio de costa pro motorista e de frente pro suposto bandido que ficou evitando o meu olhar.

- Tá tranquilo, o cara acha que a gente é comédia, vamos ficar aqui, mas na atividade.

A gente não tinha dinheiro nem nada pra perder mesmo, mas a gente não ia dar mole, ninguém leva nada da gente, só sangue! Juntos sobrevivemos a um confronto com os Talibans da Barra, que queriam minha bolsa com a mini-DV, nessa ocasião fomos surrados pelos bandidos e humilhados pela polícia, mas não levaram minha câmera nem nossa moral e não ia ser um cuzão qualquer que ia nos assustar com nossa cara feia.

Quando chegamos no túnel, o ônibus ficou vazio o trocador tinha vindo pra frente, tinha um cara lá atrás e o cara-feia sentou no banco na minha frente, atrás do trocador, e com a mão por dentro da camisa ficou mimicando um

- passa a grana
- porra nenhuma! tá me tirando de comédia!?

O cara tentou aproximar a mão de mim mas eu empurrei o cara de volta pro banco. O Juca já tava na atividade pra qualquer coisa. O cara recuou, eu também tava com a mão por dentro da camisa desde que saí do meu banco e o encarava, caras seguros demais com seu físico sempre arregam para um olhar insano, e o insano só é derrotado por alguém mais maluco que ele.

Daí ficou aquele impasse. A gente se apróximava da Bunker e eu cheguei perto do motorista pra avisar onde a gente ia saltar, daí o cara levantou e tentou me fechar na escadinha que sai do ônibus, dando as costas pro Juca que já saiu do banco e colou no cara ao mesmo tempo que eu saltei o motor do carro de volta para onde eu estava e o cara-feia estava de costas pra nós dois. Xeque-mate, ganhamos, poderíamos derrotar o cara num só movimento, empurrando-o pela escada e pisando na sua cabeça até ela parar de tremer (por que é assim que se briga de verdade).

O cara-feia já sem entender nada tentou repetir sua frase mais uma vez, mas num tom muito mais redentor do que o originalmente ameaçador.

- Passa tudo!

Não convenceu ninguém! Daí o Juca resolveu a parada toda de maneira brilhante virando pro trocador que assistia tudo de camarote e dizendo:

- Porra! Você tá vendo isso!? Você tá sendo conivente com essa porra!!!

o cara se estressou e começou a botar o dedo na cara do Juca.

- Conivente porra nenhuma! Eu não tenho nada que ver com essa história!

Daí os dois começaram a bater boca e o cara-feia, completamente ignorado pediu pro motorista parar o ônibus e saltou um ponto antes da gente. Antes de descermos o trocador disse algo como:

- Porra! Cês deviam é ter dado porrada nesse comédia!


Nem lotada, nem vazia. Por volta das quatro e meia a Bunker estava social, era mais uma edição da Intense, que começou a rolar há uns dois anos atrás com o Marky destruindo. Foram todas as quartas feiras do verão no vibe dos breakbeats mais recentes com o pitch lá no alto e as cabeças em atividade total. Desta vez quem comandava a festa era o Soul Slinger, um dos pioneiros do Drum'n'Bass que eu conheci há uns cinco anos na FEBRE com o single DON'T BELIVE que eu DANCEI PRA CARALHO!!! Na época era Jungle! BOM PRA CARALHO!!!

De cara bati de frente com Maíra e Rebbeca do Greenpeace, companheiras de psicodelia lá em Manaus. B.Negão e outras figuras que tiveram na rave tamvbém estavamo por lá. Dançamos, só somzão. Cabeças pra funcionar...

Saquei muita coisa sobre a Rave. Nunca apresentei pra ninguém nenhuma reportagem de verdade sobre a EcoSystem. A revista gringa que ia comprar minha matéria desabou junto com os prédios e eu não corri muito atrás de mais nada. Foi demais, eu ainda estava me recuperando. De patrão, todo investimento ia em doces, balas e ervas transgênicas. Fui sozinho, mas estava cercado de sangue-bom, da minha cidade e de todo canto do país e do planeta, gente que se esntrosou maravilhosamente naquele período que soava como colônia de férias. Os sound systems sob gigantes tendas indigenas, o chill-out de lounge e dub escondido no meio de um bosque com redes por todo lado e o palco flutuando num Igarapó do Amazonas. Nação Zumbi, Afu-Ra, B.Negão, Black Alien e Speed, I-Zion, DJ Krust, DJ Krush, Aphrodite (putaneiro), TC Izlam e uma pá de gente, só achou caído quem não foi mesmo.

Line-ups feitos na hora e performaces impressionantes, tudo tão natural que ninguém se dava conta de que estávamos participando de uma experiencia única, que incorporava em todos os aspectos o que o JUNGLE é na essência, aquele papo do Chico, de enfiar a parabólica no Mangue. Puta que pariu, tudo faz muito mais sentido quando você entra nesses transes, o batidão conecta tudo, tudo!
E quem se importa com as falcatruas!? Este país é uma piada de mau gosto mesmo!

Queria brotar na FEBRE na Sexta. Promete! Mas é carnaval, vai ter shows na Lapa e no Ball Ruim. A cidade vai estar um caos! Deve rolar Charanga. Carnaval é quando tudo acontece ao mesmo tempo e se você não for sagaz o suficiente não aproveita nada! E eu tenho que aproveitar a Sexta, por que depois começo a trabalhar. Sábado tou cobrindo o Carl Cox no Rio, Domingo vou pra Búzios e fico lá até o Carl Cox na terça, só na função do Bavaria Vibe.

Confiram a cobertura djangobroder-picareta lá no site do Bavaria Vibe (www.bavariavibe.com.br). é clicar em "Festas" e ver no calendário. As minhas coberturas são as de Geribá-Búzios, todos os sábados de Janeiro mais sábado passado e o carnaval!

Vai ser foda! Mas rola HOTEL! Vai ser divertido, muito mais medo sem delírio. E neguinho ainda me pergunta sobre dez anos atrás, tá loco!

5.2.02

ROUBADA S/A

Brabo mesmo foi quando o maior encrenqueiro do bairro descobriu umas trigêmeas desabrigadas que tinham vindo de Brasília tentar a sorte no rio e sugeriu de hospedá-las lá em casa.

- Porra! só três dias! No maior respeito amigo, poxa, nunca te pedi uma coisa dessas! Mó consideração, dou minha palavra que são só três dias, e elas são mó gatinhas além disso.

Puta que pariu... Três dias... tá bom, só eu mesmo pra acreditar... Mas tudo acabou se resolvendo, já passou. Mais tarde fiquei sabendo que as minas apareceram no Faustão, falado uma besteira qualquer e desperdiçado seus quinze minutos de fama. Desta vez, a roubada é mais light, mexe com o constrangimento pessoal, o vulgo pagar mico. Acontece que eu tou atrassadísimo na edição de um vídeo, é que o cliente é amigo, daí rola aquela folga. A produtora que tá fazendo a parada comigo vêm me caçando pra terminarmos essa porra, só que a gente vive se desencontrando, hoje meu celular toca e o telefone é da Innova, a produtora onde ela trampa.

- Oi! Matias!? Aqui é o Fred!!!
- Qual é cara!? Beleza!?
- Tranquilo! Diz aí! Você vai fazer algo hoje a noite!?
- Não... quer dizer, pretendo ficar editando o video da LOUD! direto, a Mariana ficou de passar aqui. Ela tá por aí!?
- Não! A Mariana tá filmando junto com o Jodele, tá todo mundo lá pegado com a finalização do longa do Samba...
- Ah!
- ...e o que acontece é o seguinte! O Jodele tinha ficado de ir num programa da TVE hoje falar de Vídeo Digital e do RES FEST...
- Ahn...
- E como ele não vai poder ir, sugerimos que você fosse! Daí tu fazia teu momento Sushi, explicava o que é vídeo digital e falava do Res Fest...
- Mas...
- É hoje! Ao vivo oito horas!!!
- Tipo assim...

Não tinha como negar, eu tava em dívida com essa galera. Pra piorar a situação o programa em questão é aquele tal de Atitude, ou algo parecido, apresentado pelo Léo, vulgo Léo do Caderno Teen, um loki com quem já cruzei algumas vezes nesta loka vida. Puta que pariu, eu devia ter recusado, inventado um caô qualquer, mas daí eu lembrei que seria uma boa pra divulgar o Cucaracha, em vergonhosa situação de abandono. Talvez isso me motivasse a deslanchar essa porra, e afinal das contas eu já apareci de olho roxo (vítima de Talibans da barra) pro país inteiro na MTV, além de rebolando doidão de Bacardi na vala do show do Orishas, na Multishow. Fudeu! Freak Show 2002, em ritmo de carnaval!