28.9.04

U-INFORME


Tinha essa mina que era (que é!) editora de uma revista de rock underground. Ela era super esotérica e me admirava não só pelo noem mas pelo trabalho. Naquela época eu ainda era Matias Maximiliano, na real o sem número de vezes que escreveram Maximiliano de maneiras bizarras é que me fez passar a assinar Matias Maxx. Bem, ea dizia que havi força nos nomes, principalmente naqueles que repetem a primeira silába - e por isso me chamava de Mamá...
Ouvindo Babylon by Gus me toquei que o mano Sabotage era outro Mamá... Mauro Mateus...

Eu nunca me liguei nesses bagulhos de numerologia, mas me lembro que em Nassau, Madeira e Las Vegas meu avô apostava no 23 que era o dia em que ambos nascemos... Blim Blim... Ganhávamos várias fichinhas... Eu sei que 18 é vida, e uma vez perguntei prum Rabino sobre o 23... ele me enrolou mas eu tou ligado que o Salmo 23 é sobre os rios da Babilônia...

A gente deve respeitar um livro escrito há tanto tempo assim ou esse tempo todo enganando otários pelo mundo todo só serve pra reafirmar o embuste que é o bagulho!?

Bem... eu só sei que a Deck pegou muito bem ao lançar o Babylon By Gus... O Gustavo Black é um gênio que metralha rimas feito um âncora de telejornal e que precisava de alguém pra comprar a briga que é lançar um album bem produzido. Bom Raggaman que é, domina tanto a rima como o canto, me lembro dele muy loko (bah! como sempre estamos!) na lapa dizendo que queria montar um grupo de reggae onde ele ia cantar de máscara assinando as músicas como "Vocal Marvel" e assumindo que o único grande cantor de reggae branco foi pro saco e se chamava Bradley Nowell...
Babylon by Gus tem uma produção maravilhosa, ainda não é o grande disco de Ragga brasileiro pois é predominantemente rap no que diz respeito a estrutura das rimas, mas ainda assim é o MELHOR DISCO DE RAP lançado recentemente por aqui...

Dai os caras lançam o disco do Gus numa fiesta em Santa Tereza onde o copo nunca ficava vazio e uma semana depois o Mad Professor apavora os graves do Sound System do Circo Voador...

E todas as cartilagens da minha plote vibravam com esse rame...
Ah... eu sou um cara tão feliz...

9.9.04

Nesta sexta feira o pessoal do Rio de Janeiro ter‡ a oportunidade de assistir ao mini-document‡rio "A Batalha do Real", que retrata duelos de improvisa�›es de diversos MCs da cena carioca. O Video foi premiado no Festival Cine Esquema Novo em Porto Alegre pelo "Genial duelo entre os MCs Marechal e Don Negrone".

A exibi�‹o rola sexta feira a partir das 19h no Cineclube ABDeC na Casa de Ruy Barbosa. (Rua S‹o Clemente 134 - Botafogo Valley - Subsolo do prŽdio anexo)

Segue a porgrama�‹o completa da baga�a:

PROGRAMA‚ÌO PARA 10/09, 19h

A BATALHA DO REAL
Todo s‡bado, MCs da nova gera�‹o de rap carioca se encontram para disputar "A Batalha do Real", um duelo de rimas e improvisa�‹o.

Ficha TŽcnica
Dire�‹o: Matias Maxx
Dura�‹o: 5 min.
Ano: 2003

PINTOR DE BOTEQUIM
Uma exposi�‹o inusitada em um tradicional botequim do Rio de Janeiro, o Bip Bip.

Ficha TŽcnica
Roteiro e Dire�‹o: Luiz Guimar‹es de Castro
Dura�‹o: 11 min.
Ano: 2003

SANTA CLARA
A busca por um ’cone da cultura brasileira que se n‹o revela a verdadeira identidade da cantora, mostra a mem—ria e o imagin‡rio de seus f‹s, amigos e parentes. Santa, mulher, amiga, cantora... Na falta da pessoa, cada um constr—i para si sua pr—pria vers‹o de Clara, demonstrando respeito e admira�‹o pela artista que partiu, n‹o se sabe ao certo v’tima de que. Santa Clara Ž, sobretudo, uma homenagem ao povo brasileiro.

Ficha TŽcnica
Dire�‹o: Felipe Ribeiro
Dura�‹o: 48 min.
Ano: 2000


J‡ quem fica em Sampa pode conferir rap underground carioca as 13h na abertura do festival SonarSound no Instituto Tomie Ohtake (Rua dos CoropŽs, 88, Pinheiros)
Passei v‡rias horas pesquisando a Web atr‡s de uma foto do Cheech Marin abra�ando a Daniela Mercury, a Xuxa e a Xaxa no Latin Grammy. Consegui descobrir que em 1993 a Xuxa tentou fazer um mal sucedido programa voltado para o pœblico Latino nos EUA e que contou com v‡rias participa�›es, inclusive do Cheech Marin... Ah, ent‹o eles j‡ se conheciam... N‹o deve ter sido a primeira vez que o Cheech manjou aquele rabo...

No meio da busca o mano Juca chega aqui em casa e me fala da morte do Tom Capone. Porra, eu n‹o acreditei, mas foi s— digitar o nome do cara no Google que vieram as manchetes. Puta que pariu! Pensei na Constancia, na Erica, no Gabriel, nos Djangos, no Wander Wildner, no Acabou La Tequila, no Rappa... enfim, todos os amigos que trabalharam com este mago do estœdio. Conhecia o cara de visitas a estœdios e baladas. Uma vez o fotografei com a Constancia na sua Harley...

Puta merda! ƒ uma grande merda quando voc� fica sabendo dessas coisas pelos jornais. Papo de um m�s atr‡s o foi a vez do Fervil, aparecer no jornal, assassinado. O mineirinho foi o primeiro maluco a comprar um freela meu, pra Internet.Br, e me empregar cmo escravogiário no simpático AQUI!, portal de conteúdo do extinto Cadê. Ele foi o único cara legal a sobreviver a bolha da Internet e foi assassinado por um carro caro...

Antigamente eu achava que envelhecer era colecionar inimigos, hoje em dia eu sei que envelehcer Ž aprender a se acostumar com a morte de amigos e parentes. Este ano eu tambŽm perdi meu av™, que era um pai pra mim...

As pessoas tentam te reconfortar, dizendo que o sofrimento est‡ aqui, que essas pessoas "passaram para uma melhor"... Mas como o ateu que sou tenho quase certeza de que acaba ali, no œltimo suspiro, e o que sobra apenas Ž a lembran�a, a saudade e a dor da perda em quem fica vivo. As palavras mais sinceras e bonitas que ouvi no enterro do meu av™ vieram de um amigo dele: - Mas que puta merda!!!!

Uma puta merda e injusti�a. Todos os dias os jornais est‹o cheias de noticias como a do Fervil ou do Tom Capone. A gente s— se liga quando Ž alguŽm que a gente conhece e admira... Enquanto tem um monte de filho da puta mesquinho que a gente cohece que merecia tomar umas marretadas na cabe�a e t‹o ai na pista, continuando fazendo merda, traindo as pessoas que lhe ajudaram e metendo outros em furadas. AtŽ que um dia encontre seu fim nas armas de algum policial, traficante ou qualquer outro cara que n‹o tenha paci�ncia para suas molecagens e ai as manchetes de jornais v‹o ser algo como "A hist—ria se repete..."

Cansei se ver neguinho que Ž bandido assumido ser tartado como vitima pela m’dia... Este planeta t‡ mesmo todo errado...

3.9.04

Como voc�s devem saber, eu viajei para Porto Alegre para participar do Cine Esquema Novo com passagem paga pelo MinC, atravŽs de um programa de incentivo deles. Por conta disso eu tive que escrever um relat—rio da minha viagem pro ministŽrio. Ta’ uma c—pia do bagulho...

Rio de Janeiro 17 de Agosto de 2004,

Ass: Relatorio de viagem para o Cine Esquema Novo 2004.

Fui classificado no Cine Esquema Novo com o mini-document‡rio "A Batalha do Real" que mostra o evento hom™nimo, onde MCs da nova gera�‹o de rap carioca duelam com palavras tendo a platŽia como juri. Realizei esse video sozinho, captando as imagens em Mini-DV e editando em casa num macintosh.
Recebi a confirma�‹o da minha passagem para Porto Alegre na segunda feira dia 12 de Julho, o bilhete era para o dia seguinte, mas o remarquei para o pr—prio dia 12, pois uns amigos que conheci ano passado no "2¼ Santa Maria Cine V’deo" haviam marcado nessa data uma festa de lan�amento da revista Tarja Preta que eu edito com colaboradores do Rio e S‹o Paulo.
Na manh‹ seguinte, ter�a dia 13 fui para o Hotel Master Express onde estavam hospedados os convidados da mostra. Dividi meu quarto com o diretor Peter Baistorf, catarinense de Palmitos cujos videos de baixo or�amento j‡ acompanho h‡ anos. Mais tarde, no almo�o no amig‡vel "Bar do Beto" encontrei outros amigos como meu xar‡ o jornalista Alexandre Matias de S‹o Paulo e o diretor carioca Christian Caselli. Ficamos a toa atŽ a abertura oficial do festival denoite na usina do Gas™metro. Houve a exibi�‹o de um filme do Ruy Guerra e discursos emocionados seguido de cocktail e uma festa numa boate pr—xima.
Na quarta dia 14 come�ava a maratona de filmes e videos na sala PF Gastal do Gas™metro, no espa�o Santander e no bairro perifŽrico da Restinga. Como meu filme trata de hip-hop, um movimento com forte apelo nas periferias decidi ir na Restinga. Todos os videos da mostra passaram na Restinga, no entanto fui o œnico diretor a enacarar a longa viagem atŽ l‡. Estava chovendo e a sele�‹o brasileira jogava contra o Paraguay dai a sala estava meio vazia no inicio da sess‹o (que tinha tr�s horas de dura�‹o). A Karen, respons‡vel pela produ�‹o da mostra da Restinga teve ent‹o a brilhante idŽia de irmos numa r‡dio comunit‡ria nas proximidades anunciar a mostra. O radialista muito simp‡tico me entrevistou e quando voltamos haviam aparecido integrantes de dois grupos de rap da Restinga para ver meu video. Trocamos contatos e CDs.
Na quinta-feira "A Batalha do Real" abriu a sess‹o das 21h na œsina do Gas™metro. No final da sess‹o rolou um debate de quase uma hora entre os diretores com ampla participa�‹o do pœblico. O pessoal que tinha lido a sinopse da "Batalha" impressionou-se dizendo n‹o esperar que a disputa entre os MCs fosse t‹o fervorosa. De fato, ap—s uma vinheta de abertura o video inicia com uma batalha entre os MCs Marechal e Don Negrone, como na tradi�‹o nordestina do repente n‹o faltam provoca�›es. Afinal ambos cultivam uma amizade de anos, portanto h‡ intimidade de sobra para lavar a roupa suja.
Sexta e s‡bado foi uma maratona de —timos filmes. O lema do festival era Desbitole-se, portando numa mesma sess‹o haviam filmes realizados em 35mm, video digital, vhs e anima�›es dentre outros formatos. Filmes com apoios do governo e filmes sem or�amento nenhum (meu caso). Pela primeira vez na vida vi um festival com uma representatividade honesta do audiovisual atualmente produzido no Brasil.
Finalmente no domingo veio a esperada premia�‹o, que n‹o deixou o lema "Desbitole-se" para tr‡s. Dentre as v‡rias surpresas estava o pr�mio de "melhor atua�‹o" para "A Batalha do Real" - "Pelo genial duelo entre os MCs Marechal e Don Negrone". Mas como assim? N‹o era um document‡rio? Sim, mas a improvisa�‹o dos rappers n‹o deixa de ser uma atua�‹o. Confesso que n‹o esperava pelo pr�mio, mas recebi com um sorriso de orelha a orelha lembrando que rappers tem costume de dizer em suas mœsicas "eu represento".
Na segunda feira, exaustos e com ressaca fomos nos despedindo do pessoal da produ�‹o e dos diretores, que iam partindo em v‡rias levas. O mais engra�ado foi quando embarcamos e todo mundo perguntava o que diabos era o trofŽu que carreg‡vamos (uma esfera enorme e super pesada, com rodinhas e uma antena de r‡dio). Teve uma aeromo�a, super simp‡tica como s— as aeromo�as sabem ser, que perguntou - O que e isso? Um rob™zinho??
Enfim, posso resumir que o Cine Esquema Novo foi uma overdose de g�neros e linguagens e me mandou devolta pra casa com a certeza de continuar fazendo cinema do jeito que der. Vou continuar me inscrevendo em editais, mas mesmo que n‹o seja classificado em nenhum, continuarei tentando e produzindo meus projetos com escassos recursos. O que n‹o pode Ž ficar parado e bitolado.


Matias Maxx
Tarja Preta Terrorismo Editorial
Ontem saiu uma matŽria do Alexandre Matias e do Diego Assis na Folha de S‹o Paulo onde eles falam da "nova cena" de quadrinhos independentes nacionais:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u47109.shtml