3.9.04

Como voc�s devem saber, eu viajei para Porto Alegre para participar do Cine Esquema Novo com passagem paga pelo MinC, atravŽs de um programa de incentivo deles. Por conta disso eu tive que escrever um relat—rio da minha viagem pro ministŽrio. Ta’ uma c—pia do bagulho...

Rio de Janeiro 17 de Agosto de 2004,

Ass: Relatorio de viagem para o Cine Esquema Novo 2004.

Fui classificado no Cine Esquema Novo com o mini-document‡rio "A Batalha do Real" que mostra o evento hom™nimo, onde MCs da nova gera�‹o de rap carioca duelam com palavras tendo a platŽia como juri. Realizei esse video sozinho, captando as imagens em Mini-DV e editando em casa num macintosh.
Recebi a confirma�‹o da minha passagem para Porto Alegre na segunda feira dia 12 de Julho, o bilhete era para o dia seguinte, mas o remarquei para o pr—prio dia 12, pois uns amigos que conheci ano passado no "2¼ Santa Maria Cine V’deo" haviam marcado nessa data uma festa de lan�amento da revista Tarja Preta que eu edito com colaboradores do Rio e S‹o Paulo.
Na manh‹ seguinte, ter�a dia 13 fui para o Hotel Master Express onde estavam hospedados os convidados da mostra. Dividi meu quarto com o diretor Peter Baistorf, catarinense de Palmitos cujos videos de baixo or�amento j‡ acompanho h‡ anos. Mais tarde, no almo�o no amig‡vel "Bar do Beto" encontrei outros amigos como meu xar‡ o jornalista Alexandre Matias de S‹o Paulo e o diretor carioca Christian Caselli. Ficamos a toa atŽ a abertura oficial do festival denoite na usina do Gas™metro. Houve a exibi�‹o de um filme do Ruy Guerra e discursos emocionados seguido de cocktail e uma festa numa boate pr—xima.
Na quarta dia 14 come�ava a maratona de filmes e videos na sala PF Gastal do Gas™metro, no espa�o Santander e no bairro perifŽrico da Restinga. Como meu filme trata de hip-hop, um movimento com forte apelo nas periferias decidi ir na Restinga. Todos os videos da mostra passaram na Restinga, no entanto fui o œnico diretor a enacarar a longa viagem atŽ l‡. Estava chovendo e a sele�‹o brasileira jogava contra o Paraguay dai a sala estava meio vazia no inicio da sess‹o (que tinha tr�s horas de dura�‹o). A Karen, respons‡vel pela produ�‹o da mostra da Restinga teve ent‹o a brilhante idŽia de irmos numa r‡dio comunit‡ria nas proximidades anunciar a mostra. O radialista muito simp‡tico me entrevistou e quando voltamos haviam aparecido integrantes de dois grupos de rap da Restinga para ver meu video. Trocamos contatos e CDs.
Na quinta-feira "A Batalha do Real" abriu a sess‹o das 21h na œsina do Gas™metro. No final da sess‹o rolou um debate de quase uma hora entre os diretores com ampla participa�‹o do pœblico. O pessoal que tinha lido a sinopse da "Batalha" impressionou-se dizendo n‹o esperar que a disputa entre os MCs fosse t‹o fervorosa. De fato, ap—s uma vinheta de abertura o video inicia com uma batalha entre os MCs Marechal e Don Negrone, como na tradi�‹o nordestina do repente n‹o faltam provoca�›es. Afinal ambos cultivam uma amizade de anos, portanto h‡ intimidade de sobra para lavar a roupa suja.
Sexta e s‡bado foi uma maratona de —timos filmes. O lema do festival era Desbitole-se, portando numa mesma sess‹o haviam filmes realizados em 35mm, video digital, vhs e anima�›es dentre outros formatos. Filmes com apoios do governo e filmes sem or�amento nenhum (meu caso). Pela primeira vez na vida vi um festival com uma representatividade honesta do audiovisual atualmente produzido no Brasil.
Finalmente no domingo veio a esperada premia�‹o, que n‹o deixou o lema "Desbitole-se" para tr‡s. Dentre as v‡rias surpresas estava o pr�mio de "melhor atua�‹o" para "A Batalha do Real" - "Pelo genial duelo entre os MCs Marechal e Don Negrone". Mas como assim? N‹o era um document‡rio? Sim, mas a improvisa�‹o dos rappers n‹o deixa de ser uma atua�‹o. Confesso que n‹o esperava pelo pr�mio, mas recebi com um sorriso de orelha a orelha lembrando que rappers tem costume de dizer em suas mœsicas "eu represento".
Na segunda feira, exaustos e com ressaca fomos nos despedindo do pessoal da produ�‹o e dos diretores, que iam partindo em v‡rias levas. O mais engra�ado foi quando embarcamos e todo mundo perguntava o que diabos era o trofŽu que carreg‡vamos (uma esfera enorme e super pesada, com rodinhas e uma antena de r‡dio). Teve uma aeromo�a, super simp‡tica como s— as aeromo�as sabem ser, que perguntou - O que e isso? Um rob™zinho??
Enfim, posso resumir que o Cine Esquema Novo foi uma overdose de g�neros e linguagens e me mandou devolta pra casa com a certeza de continuar fazendo cinema do jeito que der. Vou continuar me inscrevendo em editais, mas mesmo que n‹o seja classificado em nenhum, continuarei tentando e produzindo meus projetos com escassos recursos. O que n‹o pode Ž ficar parado e bitolado.


Matias Maxx
Tarja Preta Terrorismo Editorial

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