26.8.01

Jah  Blog

"El uso de Violencia llama a la venganza,
La sangre llama a la sangre,
el orgullo a la muerte,
yo no soy policía, yo no soy militar,
y a otro hombre yo no quiero nunca matar"
(Amor pa'mi - Sargent Garcia)


De tempos em tempos a gente sempre é visitado por algum sujeito com fumo excelente, peças carinhosamente cromadas, historietas mil e aquela má intenção típica dos perdidos e iludidos. Confesso que deixei de aceitar ótimos negócios unicamente por motivos pessoais e não por humanidade, porque muitas vezes eu chego a ter a certeza momentanea de que algumas pessoas merecem uma bala na cara. Esses pseudo-malandros atuam bem enquanto dura seu prazo de validade, mas terminam mal, sempre terminam mal. E a cada queda, maior a clareza e a certeza de que vivemos na sociedade errada.

A madrugada de sábado foi bem estranha, Eleninha, preciosa amiga recém chegada de Ibiza me descolou um convite para o Axe Night, evento de música eletrônica realizado no terraço do Forte de Copacabana, com uma estrutura fudida, DJs Conhecidos e área vip com First Ice (uma bebida pseudoalcoolica) na faixa e vários babacas nos spot lights.

"Quem são esses merdas!?"
"Ah! Algum Global! Sei lé"
"Ah tá!"

Ontem, no terraço da LOUD! eu comentei com o Calbuque que hoje em dia, graças ao aquecimento global não chove mais no rio de janeiro, e agora podemos dançar tranquilamente ao ar livre até o amanhcer. Isso, esquecendo como era lindo quando chovia em Trancoso e a galera ficava debaixo da copa das arvores (super seguro), sendo borrifado pela agua que atravessava a folhagem e aterrisava nos nossos corpos tatuados que nem cristais multicoloridos.

O Balaco no clube militar tava correndo bemzão, dançavamos e conversavamos muito, tava bem quente e o céu prometia presentear-nos com um pôr do sol lindo, mas derepente, do nada, no meio do set do Ricca Amaral cortaram o som, acenderam a luz e os seguranças expulsaram todo mundo. Parece que algum sargento de pijama não gostou do barulho no forte e mandou cortar a festa. Lamentável!

A multidão esvaziava o clube que nem num exôdo, e nosso grupo, Eleninha, sua irmã, o Barcinsky e uma outra mina coberta de glitter que emanava alto astral em todas as direções acabou rumando pra Bunker, que fica a poucos passos de lá. Antigamente eu ia na Bunker de Quarta a Domingo, mas o pico acabou gastando e hoje em dia o legal é pintar lá esporadicamente, entrando quando a atração vale muito a pena (como o Marky no verão) e ficando a maioria do tempo do lado de for a, onde rola a ação. Visto isso a Bunker resolveu assumiu que a maioria das pessoas legais que frequentam o pico (aqueles doidões todos que dão fama ao lugar) não gostam mesmo de pagar entrada, nem pagar os preços extorsivos da bebida lá dentro e para resolver o problema abriu um boteco, do lado da porta, servindo cerveja ao mesmo preço do concorrente português, além de outros drinks mais exóticos. Os doidões, por consideração, bebem lá.

Na quarta feira vespera de meu aniversário fui na Bunker e na porta conheci duas meninas muito bacanas, uma dela era baixinha e gordinha, usava gravata e falava muito, a outra era bem branca, usava maquiagem borrada, vestidinho preto e não falava muito, as duas tinham tomado alguma bola e apresentaram um fino.

- Eu não sei se vou conseguir entrar, não trouxe minha carteira!
- E quantos anos você têm!?
- Quinze!
- Fala sério!! Então é por isso que eu não te vejo muito aqui…

Péssimo hein Matias Maxx? Pior foi quando perguntei porque a amiga dela andava tão quieta e ela respondeu algo como "é que ela é meio assim porque é heterossexual", ah tá! Claro!!! Heterossexualismo enrustido! Um grande mal dessa juventude do novo século. A glamourização do homossexualismo já foi pauta de debates com amigos meus engajados, e mesmo indo contra a modismos passageiros eu acho que esse orgulho gay que vem a tona com trilha de música eletrônica ajuda bastante a nos tornar-nos gente menos machista e preconceituosa, agora se aquela menina vai continuar lésbica aos vinte anos, ou se aquela outra mina vai resolver seu impasse só o tempo vai dizer.

Mais tarde fui tentar dar uma animada na chica, mas daí descobri que tratava-se de fã de Marilyn Manson. Ah tá!

Na madrugada de sábado, não tive a mesma sorte, logo na entrada da bunker, o segurança mané achou uma ponta esquecida no meu bolso e começou aquela palhaçada, abrir os bolsos e tudo mais. Quando o cara pediu pra eu abrir o desodorante Axe (que eu tinha ganhado no Axe Night e carregava no bolso) protestei, achando isso rídiculo afinal o desodorante tava lacrado, o cara se emputeceu e aos empurrões me expulsou da da boate. Filho da puta! Que vontade de enfiar um dedo na cara desse cretino, dizer "tá fudido!" e topar o negócio do primeiro amigo pseudomalandro (daqueles!) que aparecer pela frente. Eu fico puto, a gente já tá em dois mil e um e ainda tem gente que acha que pode te intimidar com físico de orangotango! Mais que físico, o que assusta é a mentalidade de orangotango, capaz de realizar várias cagadas sem dar ouvidos a diálogo algum, contra o físico de orangotango o mundo já apresenta várias opções a alcance de qualquer um. Eu disse ao alcance de qualquer um.

Mas fiquei relax, não gosto de deixar essas merdas tomarem conta da minha cabeça, por isso acenei pras meninas que tavam do lado de dentro vendo tudo e protestando, e eram meninas muito, muito bonitas, o que deve ter deixado o merdão do segurança mais puto ainda. Não! Para tudo! Um cara que ganha dinheiro apalpando os outros e tocando marra não merece mais que dois paragrafos.

Já eram umas quatro horas, acenei pras meninas e calculei que elas não iam ficar por lá mais de uma hora, por isso sai e encontrei a companhia de Gabriel Thomaz, e começamos a nos empapuçar. Conversávamos sobre o show na LOUD! de sábado e outras doideiras quando o circo montou-se outra vez: um playboy, de camiseta camuflada, coturno e muita marra estava discutindo com o chefe de segurança da Bunker, um carinha super posudo que só dirige a palavra pra mulheres e que tava encarando o cara, quieto e controlado. Depois de uns dez minutos de trocas de ameaças o playboy resolveu agir atacando o segurança com algum golpe patético, facilmente esquivado e revidado por um único soco que deixou o cara estirado no chão que nem uma pilha de pecinhas de lego desmontadas por mais uns dez minutos, quando os próprios seguranças o tiraram de lá e arremessaram num taxi. A cara do filha da puta tava coberta de sangue, bem que a briga podia ter rolado mais e o saldo sido dividido, mas não é sempre que dá pra gente se divertir. Já era dia a bastante tempo.

Uma hora mais tarde, mais ou menos, na altura da Prado Junior, todos se levantaram do ônibus para observar uma confusão que rolava na rua, um coroa com cara e mãos cobertas de sangue esmurrava um carro que tentava fugir meio que atropelando todo mundo. Ninguém entendeu nada. Fica na cuca de todos a certeza de que uma noite muito interessante pode ser cortada por uma sucessão de desgraças, e as vezes você perde muito mais do que a night. Uma série de frases na chapação do fim de noite, pode queimar seu filme com aquela garota tão simpática que apresentou-se agora pouco. Mas jah lê Blog e resolveu me dar mais uma chance, da maneira mais complicada possível, claro, ay! Ay! Ay! Jules Rimet na área, ao resgate antes que fundam!

Outro dia eu conto o que rolou na Fiesta Cucaracha…

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