24.1.03

O Reino Unido é um lugar curioso. Viajar é sempre bom porque voce se maravilha com um bando de coisas, e cada vez tem mais certeza que "um bom lugar é aqui", ou melhor, em casa. Apesar de todos os avancos tecnologicos e sociais que o primeiro mundo pode te oferecer, voce tem a clara certeza de que esse povo nao eh feliz, pelo menos nao como nós latinos que escondemos as lagrimas com sorrisos. É tão curioso ver como por aqui, o campo é sinonimo de uma vida pacata mas saudável enquanto no Brasil tu ve que quem planta é quem mais morre de fome ao mesmo tempo que nossos lixoes fedem a comida a decomposicao e mesmo assim sao lotados de esfarrapados com bicho do pé, enquanto por aqui o que tu ve nos lixoes é apenas lixo industrial, de eletrodomesticos a carros inteiros. Viajei nisso observando a paisagem de planices, castelos e garfites que marca a linah de trem de Londres a Edinburgo, a capital da Escócia, uma cidade pequena, super antiga e recheada de junkies pedindo esmola em cada esquina. É lamentável ver que ao mesmo tempo que voce ve imigrantes arrebentando o rabo pra trabalhar por migalhas, o povo que nasceu aqui e só por isso já tem direito a um salaário desemprego superior ao nosso malfadado salário minimo tá nas esquinas enrolado numa manta de xadrez da lã mais cara do mundo, tremendo de abstinencia em frente a um potinho. Pelo menos o veneno é nosso, vem da Colombia ou do Afeganistao. A maldição;o do Samba que meu amigo Remier tanto falou passa por aí também.

Mas manés há em todos os lados, e felizmente não é só de manés que é feito um povo e apesar de não ter fincado nenhuma amizade tou ligado que os jovens do Reino Unido são gente muito fina e hospitaleira. Tiove a oportunidade de cruzar com uma pá de gente legal numa noitada em Londres, começou com um anuncio na TIME OUT mais ou menos assim:

BEAUTIFULL PEOPLE - Nu-Metal, Straight Edged Indie Rock and Skaterock is what to expect of this night. Vodka doses just one pound and Beers for two pound on whats the cheapest night on the genere in London. A place where you can expect listening from Hole to Sublime.

Vou confessar que eu não tenho tido muita paciencia pra Rock ultimamente, faz tempo que eu perdi essa paciecnai, talvez pelo discurso choraminguante do pessoal do movimento lá no Rio. Mas o papo de cerveja e entrada (também uma libra) barata e o fato de poder ouvir Sublime fora de casa me animaram e escolhi essa festa para celebrar a terca feira passada, sei lá, derepente eu descolava um baseado, ou pelo menos um contato. Cheguei por volta das onze e meia (pra pegar o desconto de uma libra), e o lugar que lembrava a antiga Basement só que maior, com um puta som e um puta bar tava meio vazio. O público predominantemente masculino era uma comédia. A gente que tá acostumado com os metaleiros morenos da Tijuca até se assusta com aquela molecada muito branca e muito loira de roupas pretas, rebites e piercings pelo corpo. O som que tava rolando era o tal do Nu-Metal, resposta White Trash para a ascenção do Rap nbos campos do Hamburguer. Tou me aproximando do bar quando noto do lado da cabine do DJ uma figura extremamente familiar de boné vermelho virado pra tras no estilo Fred Durst. CARALHO! É o WILSON POWER!!! Não é a toa que este lugar tava me lembrando a Alien Nation. Resulta que o cara viaja todo o ano pra Europa e toca nesse clube, e dos trezentos e sessenta e cinco dias do ano, e das centenas de clubes de Londres e a gente foi tar no mesmo lugar. Sempre é divertido encontrar alguém que tu conhece da terrinha no exterior, pelo menos eu não ia ficar sozinho. Ficamos fazendo piada sobre o fato da boate estar vazia - vai ver eles tão com medo de algum atentado. - Realmente a provavel guerra do golfo é pauta constante aqui no Reino Unido, com o governo querendo pressionar o resto da OTAN e comunidade européia pra participar da guerra e os povos todos contra.

Mas não tinha bomba nenhuma rolando na cidade e logo a night começou a bombar, a pista lotou e o equilibrio de sexos ficou mais tranquilo. As Inglesas chamam bastante atenção, uma coisa bacana sobre a Europa &eatilde; que enquanto as Américas se esforçam pra serem cada vez mais européias, a Europa j&aatilde;o deixou de se-la ha muito tempo. DIgo isso no abandono da formalidade, aqui é muito comum tu ir num restaurante chique e ser atendido por um garcom de gravata borboleta e moicano. Aqui um negao magrelo de dois metros, cachecol dourado, calca justa de estampa de oncinha, varios anéis entra no onibus com seu chihuahua no colo e ninguem fala nada!!! Enquanto eles são desprovidos do nosso calor, evoluiram socialmente e culturalmente pra caralho. Voltando as Inglesas... Elas chamam muita atenção por seu estilo, e até poden ser consideradas gatinhas... por aqui! Todas elas se ofuscam perto de nossas muchachas do Rio de Janeiro, que como toda America Latina tem a vantagem de apresentar uma gama de mulheres mais rica e variada que uym daqueles estojos da Faber Castel.

Mas tem cada uma... A calca larga lá em baixo pagando a calcinha fio dental. Blusinha justa e Soutien meia-taça. Cabelos coloridos e piercings por toda parte. Dreads de farmacia e roupa cheia de alfinetes. Saias mudernas. Topetes. Top estilo madona. Calça estrategicamente rasgada. Justa ou larga. Muita provocaçao. Do tipo que sempre leva pra uma surpresa, boa ou ruim, mas sempre uma surpresa.

Quando eu tava achando que ia ser só o tal do Nu-Metal a noite inteira, o som começa a migrar pro Punk Rock e logo mais começa a rolam um Skacore, que o cara virou pra Santeria. Tudo bem, é um hit, é manjado, mas é Sublime e eu dancei amarradã. A Boate era pequena e logo todo mundo já se "conhecia". A galera é bem acessivel e danca bastante. Não dá pra conversar por causa do som, mas as pessoas dancam junto numa boa, trocam olhares e sorrisos, é bem bacana. Quando rolou o Subliem eu fui pro meio da pista e logo tava num bololo de meninas, uma delas, loirinha e baixinha, com um sorriso lindo, bundinha razoavel e estilinho largada foi chegando junto. Quando eu a olhei a DJ virou pra um SKa e ela me deu a mao pra gente dancar junto. Tava tudo rolando na boa, sem maldade, e ela tava gostando, a gente tava gostando...

Quando chega o primeiro refrao da musica a DJ vira pra um Skacore mais agitado e o que era uma roda de danca vira um pogo. E um Ingleizinho gordinho estilinho Fred Durst cojmeca a rodopiar e cai em cima da mina, deixando-a esmagada no chao que nem o Coyote do desenho animado. Em fracao de segundos e com a agressividade de um Vato Loco agarrei o gorducho com as duas mãos, o ergui e arremessei pra longe dali, fazendo um Strike com outros Ingleses que pogavam por ali. Com a graciocidade e canastrisse de um amante latino, levantei a mina tarzendo-a junto para meu corpo, sentindo o calor dela e olhando-a nos olhos. Só que o pogo coninuava...

E um magrelo de dois metros voou em cima de nós, separando-nos e derrubando-a mais uma vez. Desta vez ela ficou meio atordoada, e quem a resgatou foi a amiga, que a arrastou pra pro banheiro. Só a fui re-encontrar mais pro final da festa, quando ela veio me agradecer pelo resgate, so que dai nao tinha mais clima e o som alto e o bizarro sotaque britanico impossibilitaram qualquer coisa.

É Matias Maxx... a oportunidade sempre bate a porta... mas só uma vez, tem que aproveitar, pegar ou largar...
Voltei pra roda de Brasileiros, entrou um DJ diuferente e eu e o Wilson ficamos falando pra DJ sobre o Brasil e como cada cerveja nesse club equivalia a sete cervejas na Bunker e ainda assim é caro e deixa neguinho puto. Dai derepente eu noto que os barmans comecam a colocar tapumes no balcao do bar enquanto o gerente conta dinheiro desesperadamente. O DJ para a musica no meio virando pra uma musiqueta de despedidas qualquer, as luzes acendem e o seguranca gigante faz o que sabe melhor - empurrar a galera pra fora da boate. TRes horas da manha em ponto. O Clube tem de fechar ou perde a licenca. Esse é o horario limite das redondezas, portanto não tem nenhum outro lugar aberto por perto e todo mundo tem que voltar pra casa...

Nessas horas vale a pena viver no terceiro mundo...

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