11.10.01

PHOENIX DIGITAL

Não existe compromisso ao sul do equador! Quando voltei pra terrinha abandonei o reléogio de pulso e as olhadelas no visor do celular são só pra não perder a sessão do cinema. Dai que em algum momento desta madrugada eu tava assistindo ao DeFalla no Ball Ruim. O DeFalla é a banda do Edu K, aquele gaúcho que em quadrinho imortalizado pelo Alan Sieber caga a maior regra afirmando que inventou o Funk Metal antes do Mike Paton (e o pior é que é verdade!). O Poindexter (do Vital do Jimi James, que abriu o show com sessão de strip e o caralho!), o Planet Hemp, Soutien Xiita, geral do rio afirma ter babado nos primeiros shos do DeFalla na cidade maravilhosa, no circo voador há uns dez anos atrás. Depois de muito tempo desaparecido Edu ressurge em 1998, gordo e travestido num visual que soava um cruzamento entre o Marylin Mason e a Madonna e um som tecnotronico com uma baterista caozada porém gostosa. Foi vaiado, me lembro d eum coroa que insatisfeito urrava: "quem te viu! Quem te vê Edu!!!"

Porra! E o coroa não viu nada, depois de tentar regressar ao formato antigo, com o Edu de boné na cara e pose de garotão o produtor cruzou com a galera do MCsHCs, inventou o movimento Miami Rock e levou a elhor estourando os hits "Popozuda" e "Feiticeira" por toda a porra do país. Depois de perturbar muito pelas rádios a gauchada deu uma sumida e deu as caras de novo na LOUD! num show antologico com a Syoung na guitarra e participação do canastrissimo Paulo Cézar Peréio e a Socialite aditivada Narcisa Tamboranguelli! Porra! O Coroa não tinha visto nada!!

Nada mesmo, o Soninho, camarada sorridente de dois metros com quem cansei de me emborrachar na porta da Bunker depois de muito falar para todo mundo sobre sua admiração pela guitarra foi parar no Defalla. Lá tava ele, no maior estilo, bandana preta com caveirinhas, calça de couro e sem camisa. Bracelete de caixinha e dedo médio goela adentro, abraços e beijos no Edu K de cabelo grande, menos gordo e com um desses xales bem frufrus. A Syoung em toda sua forma e beleza passava batidona no canto, pena que não teve Narcisa pra soltarmos o corinho.

Dai eu não sei que horas eram quando eu acendi o baseado e passei a bola pra um broder animadissimo, de uns quinze ou desseseis anos sei lá, filho duma amiga figurinista e cascuda na cena. O segurança apareceu mas a gente consegiu dechavar, passamo a bola tinha passado pruma das gêmeas, o seu noivo catalão e de volta pra mim e o segurança pinta denovo e manda eu jogar no chão, com a ponta dos dedos separo a cinza da ponta e jogo a cinza no chão, ele pede pra eu abrir a mão e eu passo a ponta pras costas das mãos e abros os dedos, viro a mão e passo a ponta pra palma, que nem qualquer ilusionista barato de festinha, ou o Shadow em uma boa fração das páginas de American Gods do Gaiman. E tinham também aquelas outras gêmeas, cabelo preto e curto, o de uma solto, combinando com a formalidade de seus óculos, a outra com duas chuquinhas estilo Aeon Flux bem mais a ver com seus olhos deliciosos e sua Tattoo do gato Fritz. Elas gostaram do meu cabelo, apesar de chamarem de Pedrita, Pluto e afins… Ela também foi assistir "Batalha Real" duas vezes no cinema e por isso merece tar na lista das primeiras pessoas pra quem eu vou mostrar o meu quadrinho.

O olhar de fotógrafo agora desenha quadros na cuca, a parceria com o Gustavo Goose tá ficando ótima, ontem assistimos o "Batalha Real" juntos, depois voltamos pra casa e ele terminou o esboço da segunda página, eu já escrevi mais de vinte, e tenho umas 240 na cabeça… Papo pro maluco acompanhar mensalmente, tendo vários sites pela internet para ele se sintonizar e punhetizar no intervalo. O filme não podia ser mais apropriado, é uma produção japonesa, sobre um futuro próximo, onde depois de inúmeras manifestações e desordem estudantils os mandacuvas passaram uma lei que sorteia todo ano uma turma do ginásio para passar três dias numa ilha deserta monitorados por um colar, equipados de mantimentos e armas na missão de se matarem, uma vez que só um sobrevivente pode voltar pra casa. Mais que no limite é toda uma viagem sobre a barbárie e sentimentalismo extremo dos seres humanos, particularmente os de quinze anos de idade numa estética completamente Mangastica. Porra! No japão o filme deve ter bombado, mas se passar no Estados Unidos é desastre certo, ô cambada de caipira dirigindo tratores desgovernados.

A mostra foi tudo, quantos!? Vinte!? Trinta filmes!? Tenho que contar na moral, menos que ano passado, mas sempre bons filmes como o caso do estonteante "Metropolis" nova animaçnao de Katsushiro Otoma inspirada no clássico de Fritz Lang e muitos passos a frente de Akira, a elevação da arte a um novo nível, que nem os Grand Mixer DXT e QBERT pro turntablism em "Scratch". Muito filme, muitas sessões, muito papo, escurinho, cerveja, discussão e flerte na saída, dez dias dominado e seduzido pelo cinema, enquanto o mundo explode, com o cucaracha fora do ar e a mente em Marte, Jupiter, Plutão, não só os nove mas todos os doze ou treze, sei lá!

E se virando né!? Falando o nome de um filho da puta qualquer pro cara da rádio cidade te dar um convite, pirateando o show do Los Hermanos em video digital na cara dura e mostrando pros caras logo depois naquelas "boas vindas para os novos tempos", planejando explodir o mundo, fazendo umas resenhas e reportagens e mentindo via telefone ou e-mail, porque tudo que conquistei foi mentindo. Como um dos personagens do Iraniano "100 Anos de Cinema" que finge-se de cego para conseguir destaque no filme, e no final, quando desmascarado e interrogado quanto a sua fidelidade responde com o rosto em lágrimas: "Porque fiz isso!? Por que menti!? Pelo Cinema…"

O Amor é tudo, e a porra da solidão e do ciúme é só dos que não sabem amar!

Nenhum comentário: