Capitão Presença Meets Dr. Greenthumb

Era mais ou menos uma hora da manhã da segunda 4 de Abril, quando o telefone tocou no quartel general da Jardins Urbanos e redação provisória da revista semSemente em São Paulo, capital. Estava lá desde mais ou menos duas horas da tarde de domingo, na cola da produção do Cypress Hill que se apresentaria no dia seguinte no Credit Card Hall, no único show brasileiro da turnê mundial do álbum Rise Up. Eu vinha tentando contatar os caras desde o inicio da semana, até conseguir falar com o B-Real no inicio da noite e marcar uma entrevista pro dia seguinte. Relaxamos...

Foi quando o telefone tocou, era meu amigo Estevan Oriol ligando lá de Los Angeles.

- Segura aê Matinanga!

Dai o Estevan liga pro celular do B-Real e coloca ele na linha!

- Fala cara!!!! o Estevan disse que você tem a coisa verde! É melhor ser verde mesmo, porque o que os manés da produção me arrumaram é mais marrom que minha própria merda!!!

- Cara! A gente tem a coisa de verdade! Cindy99, Chemdawg, coisa fina!!!

- Vocês sabem aonde é o hotel Transamérica??? Aveniiidaaahhh das nations unidas???

Mal desliguei e já pulamos no carro do DJ Babão, mais um carioca residente em SP. Como é praxe quando a embaixada carioca cruza a paulicéia (sem GPS) nos perdemos um par de vezes (uma vez num condomínio bacana, outra numa quebrada sinistra) até chegar ao hotel por volta das 2h30 da manhã. Quem abre a porta do quarto é Stephen Carpenter, o guitarrista cabeludo do Deftones, o B-Real tava largadão no sofá, de bermudão e calçando umas pantuflas do Lakers, na hora que vi tive certeza que Jack Nicholson também deve ter uma dessas.

O Camarada BAS, fundador do fórum de canabicultores Growroom e parceiro no projeto da revista semSemente, saca a preza, belos buds cultivados em hidroponia em algum armário do grande Rio de Janeiro. B-Real e os outros não conseguiram disfarçar o sorriso, tratava-se de um fumo de um dos melhores cultivadores brasileiros que temos noticia, coisa do mesmo nível do que se encontra num dispensário da Califa ou coffeshop holandês. Ele mostra pra gente o prensadão que a galera arrumou, uma vergonha, um beck que seria palha até no Rio de Janeiro, quanto mais em Sampa...

Começamos conversando sério, sobre maconha, tráfico e violência. A essa altura já tinha colado o Ennis, road manager do Cypress Hill e mais um outro técnico. Falei das UPPs e da ocupação do morro do Alemão, o assunto interessou a B-Real - "Eu acompanhei pela televisão! É bem louco isso, que o governo tenha de ocupar um território para garantir a paz. É o tipo de coisa que você só vê em lugares que estão realmente fudidos, ou no Oriente Médio, aonde estão rolando aqueles protestos todos."

Aê o Stephen me vê com essa - "A Real é que o Iluminatti planeja diminuir a população mundial de alguns bilhões para 500milhões de habitantes, assim o meio-ambiente e a humanidade vão coexistir por mais tempo..."

Nesse meio tempo um cigarrão carburava feito uma tocha na boca de B-Real, em formato de cone, o baseado vinha apertado com uma piteira de vidro, a recém lançada Cypress Hill's Phuncky Feel Tips, que os caras ficaram prometendo dar de preza pra gente mas só nos enrolaram. Os americanos mais do que apertar um costumam bongar, vaporizar ou utilizar outros geri-geris, mas quando o fazem tem o mesmo bom hábito e bom senso dos brasileiros de passar a bola agilmente, diferente da Europa, aonde o cara que acende fuma metade do baseado antes de passar a bola para outro, ou na Jamaica, aonde aqueles Rastas trambiqueiros apertam seu baseado e fumam até o final sem passar a bola pra ninguém. Enfim, quando o conezão completa a segunda volta, o B-Real já tá no seu modo normal e começa a falar pra caralho. Ele conta várias histórias engraçadas, como no dia em que estava de bobeira e um amigo diz "aê! Tou sabendo de uma festa lá em Beverly Hills, vamos invadir essa porra!", chegando lá tratava-se do aniversário do Leonardo DiCapro, que obviamente é maconheiro, fã do Cypress e recebeu bemzão os caras! A conversa se extendeu para detonar alguns artistas arrogantes de uma banda de rock de LA muito famosa e finalmente uma ode ao Rage Against the Machine, que todos na sala concordaram ser a melhor banda ao vivo de todos os tempos!

Deixamos o quarto do hotel por volta das 4h20 da manhã, deixando combinado nos encontramos no dia seguinte para gravar a entrevista para a semSemente. Por volta do meio-dia Japonês e Alemão vieram buscar-nos a bordo de um Chevy Caprice Preto boladão. Os lowriders de São Paulo, lustraram os carros legal e preparam uma exibiçãozinha no estacionamento do Credit Card Hall.

Fizemos uma entrevista maneirissima com o B-Real, conversamos bastante sobre cultivo de maconha, sua strain favorita a OG Kush, o movimento da maconha medicinal nos EUA e a história das gangues chicanas e a experiência pessoal de B-Real como ex-membro de gangue. A entrevista completa você confere muito em breve numa revista maconheira perto de você!